Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

sexta-feira, dezembro 31, 2004

Quero tudo

Não quero esse mundo apertado na tua mão,
Nem sussurros perdidos em vales profundos,
Nem esse sorriso forçado pesado de solidão...

Não quero a lua branca das noites de magia
Ou a leveza do vento doce e Outunal.
Não quero os sonhos, farta-me a fantasia!...

Nem os murmúrios do mar à noite,
[Perenes de saudade e paixão e amor]
Nem o tiritar da chuva na janela fechada
Ou o cheiro frio da terra molhada...

Não quero uma rosa ou um lírio.
[Nem negro, nem vermelho]

Quero-te essa pele fértil
A lucidez do teu coração!
Dá-me beijos soltos,
Abraços talhados a mil!...

Quero tudo, quero-te a alma!...,
Não quero esse mundo apertado na tua mão!

Não te chegam...

Não te chegam o meu corpo e o meu sexo
Crivados no rascunho da tua pele em mim
Com a leveza da pena desse mundo anexo
A tudo o que sou, estou perto do fim...

Não me apertes os punhos cerrados de medo
Mantem-nos soltos no embalo do teu segredo!

Solta-me o corpo e a voz e o sexo!...
E os punhos e as mãos e o cabelo
Que dos meus olhos correm fios de oiro
E na boca trago a alma mordida em desassossego.

terça-feira, dezembro 21, 2004

Sede casta

Gosto quando me perco no teu sorrir
Nos retalhos que deixas, luminosos, por aí;
Quando deliro nos teus beijos
Quando me enterro no teu peito
E não me deixas mais fugir.

Gosto quando as horas passam
[Musas de apaixonados inquietos]
E me manténs preso num teu abraço,
O teu corpo no meu, a nossa pele núa,
O meu braço fechado, a chuva na rua...

Gosto quando me amas...
Quando as madrugadas são insanas
E os nossos corpos unidos de sabores.

Gosto quando te calas e o silêncio nos abate...
Quando sei que, na verdade,
O meu olhar apaixonado já te basta
E que és porto seguro, minado de sede casta.

domingo, dezembro 19, 2004

sábado, dezembro 18, 2004

Cordel do mundo da fantasia

Gostava da certeza do mundo quando era criança. Da magia de um beijo na cara, da promessa acreditada de uma mor profundo e verdadeiro. Gostava da certeza de uns braços para me aconchegar, da certeza de uma mão no calor de uma lágrima caída... Quando era criança.
Quando foi que me perdi de mim mesmo? Quando foi que me larguei na ponta do mundo para nele me atirar de cabeça? Ainda ontem te beijava os lábios com a certeza do mundo a construir, com o sorriso das crianças, as gargalhadas... E hoje já me sufoco em dúvidas constantes, em desforos do coração. Talvez tenha sido há pouco tempo, ontem, que me perdi do cordel do mundo da fantasia, que fugi da Terra do Nunca, que cai do país das maravilhas...
Leva-me de volta. Faz-me acreditar... Por favor [não sei estar assim]

Pecador[a]

Temo pela tua morte precoce, sou pecador...
Que te rasgues num momento de loucura
De dentro do peito onde te trago com amor;
Que do meu pecado te nasça a morte impura.

Noite selvagem, filha das lágrimas guardadas
Rainha deste maldito amor que nos incendeia,
Leva-me as mãos e não as delas [ensanguentadas]
Oh noite maldita!, leva o amor que me incandeia!...

Não serei pecador, ajuizado do destino cruel,
Serei cinza e vento e lágrima e esse teu ar,
Serei vítima da ira divina, enforcado num cordel.

Não serás mais violada de mãos virgens do meu corpo
Amordaçada de peito apertado num cepo já morto...
Serás pecadora original na consumação do nosso acto.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Silêncio profundo

Reencontrei-me nos silêncios que te escapam pelos lábios mudos
Que apesar de frios e mortos teimo em beijar incessantemente.
Reencontrei-me nos laivos de sangue que se espremem firmemente
Nos teus olhos vidrados de céu, de azul, de firmamento.. mudos.

Não te matei. Encontrei-te já morta! Rebolada pelo chão dorido
Coberta de rosas negras, de sorrisos perdidos, de beijos roubados.
A minha mão no teu coração... Quem me dera ter tambem morrido
Coberto de rosas vermelhas, daquele amor por ti tão desejado...

Foram as noites das estrelas fugidias, a lua no seu esplendor.
Foram as manhã de poesia corrida, as tuas lágrimas perdidas.
Foram os beijos talhados na tua pele, os sorrisos, o nosso amor.

Resta-me um beijo sangrento roubado desse olhar vidrado
Um abraço ternurento arrancado do teu peito crucificado...
E um sussurro, um berro e um silêncio profundo.

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Não [penses que] te esqueci

Recordo-me das ondas vagarosas no teu cabelo escuro
Desse teu jeito pequeno e triste num sorriso sisudo.
Recordo-me das longas esperas,os meus passos rápidos,
Os teus olhos semicerrados que me olhavam de soslaio...

E o teu cheiro viperino em tardes nunca acontecidas
O teu corpo em andamento, a nossa pele em ressonância.
Aquele beijo doce e morno ao som da chuva lá fora...
O nosso beijo? Onde foi o nosso beijo delirante?

Recordo-me de ti nas manhãs dos comboios voadores
E naquelas noites de estrelas guardadas pela manhã
Na minha mão cor de terra delirantes dos teus suores.

Nas manhãs de sede branca, de tanta saudade apertada,
Nos murmúrios que lanças ao vento, que imploras à lua.
Recordo-me de ti, não penses que já te esqueci...

sábado, novembro 27, 2004

Platónico [I]

Ai, como queria ter-me aproximado de ti e devorar-te o cheiro e o sabor que transportas nessa pele tão solta de tudo o que penso e sou!... Ai, como queria poder dizer-te qualquer coisa, sei lá, um"Oi" ou um "adeus" no final da noite, quem sabe se me restribuias com um sorriso dos teus, sabes, aqueles sorrisos ingénuos, cabisbaixos, envergonhados que costumavas soltar em directo enquanto eu te sugava em galas fantásticas... tens um sorriso tão lindo! E como eu me sinto pequenino nesta paixão platónica, estúpida e ingénua... [suspiro ternamente]
Ai, como eu te abraçava para te poder beijar de seguida [aceitarias? Talvez não...] E como te falaria ao ouvido, em sussurros no tom do doce mar, em promessas, em murmúrios: "Não te deixaria nunca. Fica comigo... Por favor.".

Não te deixaria nunca... Queria poder saber-me teu [em sonho, em ilusão, num beijo, num abraço, nesta noite estrelada de luas redondas, ao teu lado...] E queria que me soubesses, apenas isso, que me soubesses na tua infiníta existência, no teu olhar que cruzaste com o meu numa noite apenas, numa noite de prazeres mortos nessa tua ganga desfazada.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Tesouro sofrimento

Não te cales sobre o meu sussurro, não te ausentes!
Não fujas das palavras num voo louco e demente
Ou num murmúrio de prazer, nos suspiros quentes...
Oferece-me o tom da tua voz, o teu ser sorridente.

Possui-me num trago apenas, num laivo de loucura,
Leva-me corpo e alma e o ar adocicado [que inspiro]
Num movimento vertiginoso embrulhado em ternura...
Carrega-me nos braços, agarra o meu último suspiro.

Leva-me as gargalhadas e os sorrisos gastos pelo tempo,
Leva-me as asas travas que sem ti já não fazem levitar,
Leva-me as madrugadas do teu olhar, neste momento,

Leva-me vida e sonho atados nesse teu escuro silêncio,
Nessa ladainha tão rezada de um tesouro sofrimento,
Que sem querer me mata a alma escura em decaimento.

terça-feira, novembro 02, 2004

Parapeito

Quero abarcar o teu corpo num segundo
Agarrar os teus beijos soltos pelo ar
Que levitam devagar no topo do mundo...
Ah, quero um abraço teu... faz-me levitar!

Morder a tua pele, arrancar-te o peito
E depois vestir-me de ti, suavemente;
Largar-me desta janela, deste parapeito
E saber-te porto seguro, firmemente.

Quero tanto que nada chego a atingir
Nestas tantas noites de desejos assim
Tantos os segundos em que penso cair...

E quero abarcar-te o corpo num momento
Ficar atracado em ti, perder-me no tempo
E abraçar-te num segundo, até ao fim...

quarta-feira, outubro 27, 2004

Cinzentos

Debaixo dos olhares cinzentos e estagnados
As nossas mãos tocam-se na surdina da paixão.
Os teus dedos nos meus, os olhares trocados...
E a multidão de cetim sem saber da nossa mão

Um beijo solto num momento escondido, aqui
Numa rua qualquer da opulenta e doce Lisboa
Um abraço sempre assim, num movimento à toa
Sem que se saceie a dor e a saudade de ti

E quando a noite cai, e traz a Lua a espreitar
Soltam-se os corpos e os sussurros de prazer
Soltam-se os beijos e os abraços de apertar

E aqui, escondidos da multidão e da noite
[cinzentos que nos roubam o tempo ausente]
Somos carne urgente que se rasga num momento

quinta-feira, outubro 21, 2004

Seria teu (parte II)

Seriam teus os sussurros largados no vento
Em noites de solidão enraizada (, nesta noite)
Quando não te tenho e nem sei do teu amor

Seram tuas as estrelas que sopro, aqui e agora
Nesta parede nua, sedenta do teu suor
Em que teimas aparecer, sem aviso ou confirmação...

E é no toque guardado no murmúrio da multidão
Nas noites da falta que tu me fazes ( e não sabes)
Nos momentos que tatuo e pinto na palma da mão
Que me elevo a anjo e te embalo no coração.

Seria teu

Seria em ti o meu abrigo seguro
Praia azul trocada de ventos claros
Ventos novos e renovação, abraços e paixão...

Serias tu o meu beijo ofegante
O trago doce que me vai nos lábios
As noites quentes, o meu corpo ardente
A alucinação que me percorre os dedos
(A tua pele, o teu olhar colado em mim)

Seriam tuas as madrugadas de amor,
A melancolia cansada dos dias de dor,
As gargalhadas infantis, o meu sorriso ingénuo...

Seria teu... Em cada retalho do que sou...
Porque nas mão levas-me a alma acesa
Atada à forma leve do meu coração.

sábado, outubro 16, 2004

Abraço possessivo

Queria rasgar-te a pele e abrigar-me assim, dentro de ti,
No canto onde não me queres deixar ficar, desabrigado...
Queria devorar-te os lábios na luz fusca de um luar entediado,
Numa noite de luxúria e paixão desatinada, em recortes de mim...

Queria agarrar-te o corpo num embalo de príncipe encantado,
Em movimentos perfeitos como a tua mão a passear-se em mim...
Queria deixar-me ficar neste estado insano para sempre, assim,
Com o teu olhar pregado no meu, com o teu corpo aqui deitado...

Queria mergulhar-me nos teus cabelos, de novo e sempre de novo
Percorrer-te livremente o corpo, abraçar-te possessivamente,
Abraçar-te mais e mais até que tudo passe, para todo o sempre...

E queria saber-te em mim- Se quando me tocas também me amas.
Saber-me em ti- Em cada pedaço teu, nos teus sinais, futuramente...
E agora, como fugir de ti se só te quero abraçar possessivamente?...

quinta-feira, outubro 14, 2004

Fiz-te morrer

Morrias em mim, em tudo o que nunca fui e já não serei,
Nos sinais pintados sem tinta nas paredes nuas,
Na incompreensão, na indiferença com que nunca te beijei,
Nos abraços esquecidos, escondidos nas nossas ruas...

Morrias na minha ausência tão disparatada, tão louca,
Nas diferenças encontradas ao sabor do escasso tempo,
No mundo que não te dei, na nossa voz já gasta e rouca,
No teu tempo perdido (para sempre), em tudo o que sou [ neste momento]...

E afinal eramos dois... À procura da mesma verdade,
Na tentativa já morta de um amor já tosco,
Tão tosco quanto o final deprimente desta triste tarde.

E, apesar de morto, queria-te aqui, como dantes (, para sempre)
Sabendo que não te tenho e que não mais podemos correr...
Meu amor, viverás melhor?... Estás longe de tudo [o que um dia te fez morrer].

segunda-feira, outubro 11, 2004

Passos melancólicos

Tenho os pés enlameados pelo nosso caminho meloso
E vou andando devagar sobre a tua respiração ausente,
Pelos sussurros, poupados ao vento, no meu pescoço
Tatuado pelo sabor doce da tua rugosa pele, demente...

Os pés pesados já não voam como dantes, meu amor;
Rastejam melancolicamente seguinto os teus passos
Que se escapam no meu olhar envolvido pelo teu calor
Ou pelos beijos escondidos da multidão com olhar de aço.

Vem rasgar-me a pele e vestir-te de mim, de tudo o que sou,
Do que te dou na ternura de um abraço fechado e apertado
Do meu suspiro de paixão irremediavelmente enforcado.

Lava-me os pés no teu beijo latente, no teu peito ardente
Que assim não consigo possuir-te no azul do céu espelhado
Pelos momentos perdidos nos nossos pés entrelaçados.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Tento saber como é que vai ser
Se posso viver sem ti
Tento fingir mas eu só penso
Nas hora em que estás aqui

(...)

Pode parecer que sou livre
Mas eu estou preso a ti
Ás vezes disfarço e não consigo
Mas eu só penso na hora em que estás aqui

(...)

Prometo que não te quero ver mais
Até que tu não em largues

(...)

Não vejo ninguém, vou por ai
Deixo passar as horas
Chamo-te nomes, grito contigo
E tu dizes que me adoras

(...)

Ás vezes parece que não te ligo
Pode parecer até que te esqueço
Mas eu só quero estar contigo

Eu só penso na hora em que estás aqui

terça-feira, outubro 05, 2004

Vou falar de ti

Quando, num futuro distante,
Perguntarem o que me vai no coração,
Eu vou falar do vento que me acaricia a face,
Vou falar da noite que cai
E vai deixando ao longe pedaços de açúcar
Tão doces como o luar numa noite de verão.

Vou falar da luz do sol,
No voo desordenado de um bando de pássaros,
Nas formas doces de algodão que as nuvens rabiscam no céu...

Vou falar do cheiro a maresia que invade o ar,
Das ondas do mar, do reflexo azul do céu...

Vou falar da sensação de dormir na relva,
Da canção de um pássaro a leste,
Dos livros que li,
Da beleza do raiar do sol,
Da eterna forma como as folhas caem de uma árvore outonal
deixando de ouro e prata o chão já gasto.

Vou lembrar-me, vou falar de um anigo,
De outro amigo,
Das tardes em que a alma não se cala e desatina,
De quando a tristeza se apodera do ser
E ao longe há sempre um luar,
Do bater do coração,
Da loucura de uma paixão...

Falarei da magia de um sonho,
Da magia de um olhar sereno,
Do mar num ser único...

Falarei das tardes perdidas na incessante busca de um olhar,
Da eterna beleza do tempo quando cada segundo é precioso,
Do sabor de um beijo resgatado, em ilusão,
Da melodia dentro da cabeça quando se vê a pessoa amada,
Da alegria de uma vitória difícil,
Do brilho de um sorriso,
Do som da gargalhada...

Vou falar do cheiro de uma flor,
Do voo gracioso de uma borboleta,
Da calma quando se roda à chuva,
Das cores brilhantes do arco-íris,
Do cheiro da terra molhada...

Vou falar do calor de uma lareira num dia frio de inverno,
Do suave assobio do vento numa janela...
Vou falar do mundo,
Da interminável beleza de um ser,
Do misticismo guardado em cada momento,
Dos olhares gravados no coração,
Dos sorrisos...

Vou falar...Vou falar de ti...

(... Porque me vais no coração...)

Marco Mercier
Escrito em 2003-07-11

quinta-feira, setembro 30, 2004

Vazio final

Explodi no centro do vazio criado entre o nosso olhar,
Nos silêncios inquebraveis que nos faziam torcer,
Na barafunda da tua passiva ausência a despertar,
Em tudo o que fomos e já não somos... Estamos a morrer.

Num momento único todas as lágrimas, todos os sorrisos
Todos os sonhos a dois colados no nosso céu tão infinito
Os segredos, os corpos delirantes de prazeres prometidos...
Todas as lágrimas,todos os sorrisos, tudo um velho mito.

História urbana, "Foi assim que acabou", a saudade...
"Amo-te" e o rubor aquece, espraia-se-me na pele...
Nada mais viverá por agora nesta nossa pequena tela.

Mas talvez um dia, debaixo do nosso céu enraizado de sonhos,
A dura saudade me enforque num sopro do nosso vento
E voemos novamente os dois, de mão dada nas asas do alento.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Pinta-me em ti

Queria apagar as tatuagens, rasgar as telas que pintaram sobre mim, diluir-te um pouco na minha pele... Pintarias para mim? Uma mistura meio mágica, do teu condão em mim infiltrado: sorrisos, carinhos, os nossos pés entrelaçados... Os nossos beijos retratados... As nossas mãos dançantes ao sabor do vento que nos atravessa quando te toco.
Por vezes sinto-me frio... Tenho saudades. Mas estas saudades são daquelas que magoam, das fortes que nos estrangulam, que vêm para nos recordar que nada nunca se repete, nada volta, tudo vai. Nessas alturas beijo-te devagar... Peço-te que me leves o medo, a saudades, as âncoras que teimam em não quebrar. Mas... Pinta isso sobre mim. Uma tela branca... Os beijos, os toques, a tua pele na minha, a vertigem de um orgasmo, a magia da saudade, do tempo, esse assassino. Quero que o pintes como ele é... Azul como meu medo. Assassinou-me, esse tal tempo. Não me lembro bem como foi, creio que ele depois nos leva as recordações também. Mas sei que fui assassinado.
Pinta-me sobre ti também... Pinta-me em ti, na doçura do que nos une... Na tristeza do que nos separa.

Utopia eminente

Encontrei-me no teu sorriso, inqueto como o vento;
Na tua mão que me percorria a pele, de mansinho,
No teu olhar retalhado de cores em movimento,
No beijo com que me assaltaste devagarinho...

Não passarão de um sonho, utopia eminente,
Os momentos e os abraços trocados em segredo
Numa escura rua da triste Lisboa deprimente
Em que nos perderíamos assim, sem medo...

Beijos em doces rodopios... 'Nós'... Como seria?
Tragos de prazer, vertigem na frescura da tua pele
Os lábios ardendo, escorrendo em ti como mel.

Mas aqui de cima percorro-te assim... Sozinho... Sem ti
Rasgado em murmúrios de papel, sussuros perdidos
Na utopia eminente, em voos tristes e tremidos.

domingo, setembro 26, 2004


It's easy to say goodbye

If you're trying to live and wishing to die

It's easy to drink your tears

If you're killing your hopes and kissing your fears



quinta-feira, setembro 23, 2004

Sussuro ausente

Hoje quis apagar todos os momentos errados
Pintados na minha mão em forma de tatuagem.
Rasgar de mim todos os segredos magoados
Que te afastam devagar da 'nossa' miragem...

Sorri com a tua terna redenção ensaiada
Por entre suspiros longos, desmaiados
Até caíres morta na minha sombra deitada
Nos teus cabelos negros e desbotoados.

Ficaria assim até cair de novo...
Coberto da tua cor, do 'nosso' perfume
Agarrando com força aquele toque meloso.

Afinal podemos ficar assim, abraçados no tempo
Que não é meu, nem teu, nem do vazio entre nós...
Mas de um sussurro algures, perdido naquele momento.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Lets get retarded?

Dou comigo feito louco, em saltos quase infinitos no meio da sala. Salto, rebento com tudo à minha volta, quebro a bolha rotineira que me inunda a vida diária, destrúo fantasmas. Voo por instantes, num salto louco contra a parede (sempre núa) e lá me deleito com os braços estendidos. Serei louco?
Não tolero o ritmo que me acelera devagar, mesmo devagarinho. Quando dou por mim, lá estou eu naquela reviravolta insana, louca como o meu movimento. Serei uma partícula Brawniana?
A culpa é do som (tem de haver sempre um culpado). É daquela melodia rítmica que me mantém neste estado de hiperactividade. Sinto-me tão bem no movimento louco da cabeça, nas cabeçadas que dou nas partículas de ar que me rodeiam, nos berros que solto no centro de uma roda sem fim.
A culpa é do som... "Lets get retarded"?

quinta-feira, setembro 16, 2004

A tua "saudade" na minha porta

Deparei-me com a tua saudade presa na porta do meu quarto esta noite. Está ali, colada com dois pedaços de fita-cola dourada como o ar que se avizinha, um pequeno papel com uma letra esgafinhada onde se lê "Saudade". Há horas que me mantenho num estado de aceitação perante esta estranha visão mas, agora, pergunto-me de onde veio, quem a colou, como me alcançou?
O papel é branco. A tua pele é branca, não tão branca como o papel-da-saudade-colada-na-porta-do-meu-quarto, mas branca, como a minha. Realmente, que raio de catalogação que me arranjaram - brancos, pretos, amarelos e vermelhos. Não me chega, sempre preferi o laranja ou o verde. Mas o papel faz-me recordar-te, numa tarde, uma única tarde, um toque escondido por um gesto, por um retirar de cabelo... Tão terno...
As letras estão gatafunhadas a um vermelho, tenho receio que seja sangue, mas talvez não. Está assim... Feliz, uma escrita feliz (isso existe?). A saudade pode não ser triste não é? Afinal não preciso de me suicidar todas as noites num berro ou num sussurro, basta deitar-me no chão a soprar as minhas estrelas para te voltar a ver. O problema é que é tudo demasiado irreal. Não te toco, não te cheiro, não te sinto... Mas basicamente é o que vivo instante a instante, todos os dias.
Vou buscar o papel...


"Saudade" colada ao peito, onde tudo me habita e tudo se debate. Começo a sentir um aperto, de certeza que é da fita-cola. Percorro a borda do pequeno papel com os dedos a tremer, a tua cara, a tua pele esquecida debaixo dos meus lençois, aqueles em que nunca penetraste. Mas eu meto-te lá dentro, deito-me com tudo colado ao peito. Colo-te no meu lençol verde-alface, a "saudade" de não te ter, debaixo de mim, no meu quarto escuro, para te sentir. A tua pele está comigo para sempre, debaixo deste lençol fresco, do edredon mais quente, perto da almofada em que te abraço por vezes, o teu toque pertence-me por instantes.
A tinta desapareceu...


Peguei na caneta preta e escrevi, no lugar da "saudade" que me tomava o corpo debaixo dos lençois, "quero-te". Vou colar isto na porta do meu quarto, pode ser que quando vieres buscar o pequeno-papel-da-"saudade"-colado-na-porta vejas que mudei a cor da caneta e agora te quero, "quero-te" mais que a "saudade" que te devorou.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Pintura do meu traço (por ti)

Não sei porque me consumo nesta raiva insistente em me devorar. Porque me deixo consumir tão rápido pela falta que me fazes quando não me ligas nenhuma, quando não respondes, quando não falas, quando o silêncio me aperta.
Não entendo porque me deixo ficar à tua espera. Um toque teu, um palavra daquelas que ontem me escreveste, um sorriso teu direccionado à minha troca de olhares.
Não entendo porque choro devagar nesta noite tão escura no canto do meu quarto. O negrume que me cobre, as estrelas das tuas mãos nada perfeitas em mim.
Não entendo porque me quebro neste vento que me assalta a janela fria. Como me deixou levar para bem longe na fugosa lágrima que me ruburiza a cara.
Não entendo porque me pintas em telas negras de um fundo acizentando. Uma cara irregular com um defeito escorrido no olhar, apenas mais um defeito encontrado na total podridão que vais desbravando em mim. Hoje sou protagonista, ontem fui amante de paixões criadas por mim.
Não entendo porque me deixo... Porque me deixo perdido sabendo que a saída está algures aí, talvez num beijo teu trocado em todo este silêncio.
E porque não choras também? Porque não me apanhas no ar enquanto caio?

domingo, setembro 12, 2004

Confusão

As imagens espalham-se pelo caminho que traço com os meus pés arrastejados. Crio pegadas, devagar, lentamente ao som da melodia da tua voz ressonante no meu espírito. Um recital enebriante, bruxuliante no teu tom grave de falar (nunca te ouvi um sussurro). Os nossos olhares, imóveis, numa troca de ternura nunca antes oferecida, um sorriso meio torto que eu não conheço bem.
Instala-se uma confusão de dor e ilusão. Tomo consciência das barreiras que nos separam (pequenas barreiras de papel que podemos derrubar), dos nossos pequenos impossíveis diários, aqueles presos por um fino pedaço de seda arroxeada, a qualquer momento possíveis.
Cheguei a uma encruzilhada... Os pés não arrastam mais, levitam no vazio que me prometes. Afinal nós somos assim: um pedaço de promessas escondidas no canto escuro do olhar, vários retalhos de vazios que nos devoram todos os dias. Nós...
Mas confundo-me aqui, neste espaço enraizado do que não somos e poderemos ser... Queria ser contigo... Ou talvez não.

sexta-feira, setembro 10, 2004

A minha mão na tua cara

Queria ter sido o escolhido. Queria ser eu a limpar-te as lágrimas, ser o que te abraçava e acariciava devagar até tudo desaparecer. “Tudo passa”.E tu sorririas para mim num traço inocente de comforto.
Porque não me usaste como fuga da gruta em que te escondeste? Não serei praia ou porto de abrigo? Não serei suficiente? Parece que não. Bastou ouvirte chamar o nome de outro alguém para saber que no final não serei teu. Devia ser o meu nome a ser pronunciado, apesar das barreiras, dos impossiveis diários com que nos enchemos até rebentar. Devia ser o meu nome a percorrer-te o corpo no sangue azedo. Devia ser minha a mão que vai espraiar-se lentamente na vertigem da tua pele, em contornos perfeitos da tua cara sinuosa. A minha mão... Coberta do sangue que te anuncia em mim.

quinta-feira, setembro 09, 2004

A árvore atrás da colina

No abraço de uma árvore qualquer
Uma corda abraçada a mim
Uma cabeça pendente
Num movimento latente
Um sussurro sem grito
Um charco sem rasto

Os olhos raiados de medo
Alucinações de um beijos seco
Passos percorridos em segredo
Ou os ecos da tua presença

No charco um reflexo sem nexo
Talvez um espelho estragado
De um sorriso perdido
De um olhar rasgado
De uma lágrima arrancada
De um alívio reencontrado

Há uma árvore atrás da colina
Um menino que lá se perdeu

Conta-se lá longe ao sabor do vento
Que aquele menino não voltou
Que foi amante de uma corda
Que num dia de outono o trespassou

quarta-feira, setembro 08, 2004

Suicidio

“Is there anything you want from me
My arms, my life, my energy
I don't know how far I can go
Everything says no
But you know how it goes when
You're used to your side of the bed
I know you don't belong in this room
But you're here now
So what can I do
All that I am is
All I was taught to be
All that you are is
A wall between myself and me
Have you ever really looked at me
Or thought about me secretly
Do I make you wonder at all
About the speed of light
Outside our little world we might not
Feel so alone
I know you don't belong in this room
But you're here now
So what can I do
All that I am is
All I was taught to be
All that you are is
A wall between myself and me”

Posso desaparecer no vento. Deito-me numa folha dourada e vou para longe da morte que te vai devorando. Não te percorro mais os dias. Não violo mais o ar que se tornou teu amante. Não serei sombra sobre a tua janela ou sorriso na vertigem do teu luar.
Rasgo-me em pedaços de carne fria que se estrangulam contra a imensidão a noite que começo a odiar. Deixo tudo e esta é a noite ideal.
Vais dormir com a mesma lágrima presa no mesmo canto do olho que me faz sorrir sem o conhecer. Vou desenhar a tua janela num papel e guardá-lo no bolso. Talvez te veja espreitar por lá nas noites em que me ouves desesperado contra os estilhaços do tempo.
Todas as noites morro num sussurro teu... Esta noite torno-me cinza. Suicido-me no vento que se tornou teu amante.

sábado, setembro 04, 2004

Um dia



Um dia vamos sozinhos nesta rua desmazelada. Vamos de mãos dadas ao sabor do vento sem saber onde nos leva o caminho.
Um dia vamos os dois a saltar de folha em folha como fazem os apaixonados. Vamos por entre os sopros do vento agreste que te cantarão aos ouvidos.
Um dia vamos sentar-nos ali no centro e rir dos nossos sorrisos. Vamos os dois... Sem eu sequer saber quem és.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Flores negras

Não sei bem se morri sozinho ou acompanhado pela tua tristeza. Talvez tenha apenas sonhado a tua mão junto do meu peito enquanto me deitava na eternidade... Atirei-me para o manto de flores negras que estava no fundo do teu olhar molhado para não te ver mais, para não te ter mais assim. Sem mim estarás melhor. , Sem mim serás maior. Sou a cinza que te escorre pela pele nas noites de luar. Sou eu quem te mantém morta atrás dos véus que nos separam, sou eu, sempre eu!
Deitei-me e não me arrependo, só tenho medo de nunca mais me levantar. Medo de nunca te chegar a ver. As flores são negras cor do teu olhar, marcam-me a pele em delicados movimentos de ternura, corroem-me a alma em toques suaves, matam-me mais, levam-me mais longe. Levam-me ao azul do céu solarengo, ao medo pintado SÓ para ti, às cadeiras de baloiço que eu não deixo parar, às tua carne pendurada nas paredes do meu quarto, os teus pedaços colados na minha cabeça.
A tua mão... A minha mão... Não estavam juntas quando mergulhei.

quinta-feira, julho 15, 2004

Quando eu morrer

...

A noite criada pelas persianas fechadas inunda-me o olhar preso em rasgos da parede nua, sempre nua... Percorro devagar os traços de luz que por vezes se escapam nas paredes brancas como bailarinos num palco vazio e, por instantes, ilumino-me nesse vazio tão agudo. Será o farol? Serão os teus velhos sussurros? Vazio, como sempre... Percorro novamente os bailarinos em danças desleais contra a nua esbranquiçada e já fechado sobre mim deixo-me adormecer.

quarta-feira, julho 14, 2004

Grito.. e Nada.

Não me quero mais! Quero ser outro, noutro corpo, ser mais alguém sem ser ninguém, posso? Quero um raio de sol no meu pescoço a abraçar-me o coração estilhaçado. Quero percorrer os caminhos da loucura, haverá lá alguém para me guiar? E o meu mundo...?
O meu mundo vai embora, ninguém o vê, ninguém soube ultrapassar as barreiras, tão simples elas eram! Não ultrapassaram, não ultrapassarão! Vou pelos caminhos da loucura de volta a este mundo, o meu ficou para trás, de nada valeu construí-lo de novo.
Aqui, agora, as flores não cantam como lá, a àgua não me escorre em beijos flamejantes. Era tudo tão bonito! Mas deixei e ninguém reparou. Mas porquê? Não fiz barulho suficiente quando bati a porta dos fundos? O meu berro não chegou para acordar ninguém? OU estarão todos tão dentro de si que nunca sequer olharam para mim? Ah... a eterna dúvida...

Vou ser outro sim, vou mudar, vou mudar tanto que quando berrar todos me vão ouvir! Não me ouves ainda?...

domingo, julho 11, 2004

Não vais reparar

Sei de cor os teus cabelos e a cor dos teus lábios. Decorei o timbre delicado da tua voz quando se aperta numa gargalhada, o som do mar no teu sorriso, percorrido tantas vezes pelas falanges tortas dos meus tortos dedos, os teus olhos quando me amas , finalmente. Pintei no meu céu, em pinceladas cor da tua pele torrada de sol, as horas em que me perdi no teu olhar, em labirintos sem fim, as horas que corriam mais rápido que o tempo para não me deixarem saciar a sede do teu corpo. Tenho tanta sede agora... Mas vou partir...
Levo na palma das mãos as pérolas e os pedaços de cristal, os teus pedaços de cristal (não mos roubes!), juntos todos num saco azul de medo carregado, de receios que não param de chegar... Eu vou embora... Não vais reparar... Trago os cadernos em branco para te pintar à luz da lua e para te escrever no topo deles, não me quero esquecer! Vou inventar sorrisos, vou inventar brilhos para te amar ainda mais, vou crivar de abraços a lua e as estrelas de beijos doces que nunca em deste... E vou chorar por vezes. Não porque estou triste. Meu amor. Apenas porque estou feliz, feliz por cada sussurro, pelas pérolas que guardaste na palma da minha mão.
Vou, agora é a hora. Vou deixar o beiral da cama, presa nas teias escuras da noite, beijar-te a testa como fazem os pais e enchugar por fim a cara. A luz que passa por baixo da porta já me chama, quero só mais um beijo, mas não te quero acordar... Sonha comigo, como eu sonho contigo, sonharemos os dois juntos? Sonhas comigo? Não vais responder... Nem vais reparar... Mas eu fui embora...
E quando te roçar o brilho das estrelas nesse rosto tão meu, lembrar-te-ás de pequenos beijos, pequenas confissões, pequenas... tudo tão pequenino como tu... Basta-me que te lembres... Oh, queria que viesses atrás de mim.

quarta-feira, julho 07, 2004

Nunca vens...

Por vezes o mundo é torto, inclina-se para me deixar cair. O chão é duro, dá vontade de chorar quando lhe toco, magoa a vista com a falta de cor que me acostumaste no teu sorriso, é tão bonito! Esperei por ti... Porque é que nunca chegaste? Mas hoje é diferente, hoje sou maior que tu, já te chorei nos meus olhos, já te abracei na minha almofada e o sol que me canta à noite já nem soa à tua voz, tudo mudou. Não és mais tu que me foges pelos dedos, sou eu que voo para que não me voltes a prender nas redes do teu olhar, é tudo tão... tão "azul"...

Eu voava...

E eu voava, lembro-me agora,
Contigo eu era livre,
Era uma gaivota em voo
Sobre as ondas do mar

E sentia o vento de face,
Enfrentava o sol de frente.
Eu era livre, contigo eu era
Livre, contigo eu voava.

Porque é que já não voo?...
Não enfrento nada, sou enfrentado,
Já não sou livre, já não sou eu.

Mas contigo eu voava.
Faz-me voar novamente,
Quero voltar a sentir o vento...


Marco Mercier

Escrito em 2003-10-05

Fuga na lua

Voei. Rasguei os céus em movimentos perfeitos, em simbioses com as tuas asas brancas, os dois, assim, perdidos onde o mundo somos nós, apenas nós. Foi culpa do sol a tua vinda, foi culpa da lua a tua fuga...
Assusta-te o meu amor? Assusta-me o teu esplendor... E fugiste sem me dizer nada, foste devagarinho, eu nem vi, como pode não reparar? Dormi com as tuas promessas sussurradas no fim de um dia quente, seguro do teu olhar fixo no meu, seguro nos teus braços... Queria tanto um abraço teu, apenas um abraço. Tenho tantas saudades.
Fizeste a mala, deixaste um recado nos meus lábios sem eu me aperceber e voaste de novo, tão depressa como as tardes quentes e o cheiro das ondas do mar. É tudo tão fugaz... E tudo tão teu, é tudo tão TU.

Voei, rasguei os céus em movimentos imperfeitos sem as tuas asas pra te alcançar. Não voo, não vivo, sobrevivo a tudo o que nos separa. Só queria um dia abraçar-te de novo, desculpa...

domingo, julho 04, 2004

Retrato

Escuro

Sou tudo o que sempre serei... Sou triste, apaixonado, sou eu aqui sempre perdido no mundo impefeito, sou eu... só eu... mesmo contigo me sinto por vezes sozinho. Não por ti, por mim, sozinho por mim, sozinho aqui dentro, no cubículo apertado do meu mundo laranja e verde. Não vou falar de ti, hoje sou maior que tudo e todos, hoje sou EU, hoje sou egoísta, não quero mais nada!!!
Estou triste, estou deprimido, estou cansado, estou triste outra vez, estou perdido na escuridão do meu quarto onde vezes sem conta me perco e volto a perder. As estrelas já não me guiam, não me deito tantas vezes como dantes a ohar para lá, o meu pequeno céu... Dou comigo a dizer que não tenho tempo para olhar, deito-me e nem olho, como é possível? Tenho cada estrela, cada pedaço, cada uma é minha, mais minha que qualquer coisas neste mundo... Estou triste...

Queria poder ser livre de mim. Queria deixar-me! Sou horrível, não me quero mais, quero chorar, quero rasgar cada linha da minha pele e sangrar a água que me faz viver. Quero bater como louco com a cabeça na parede até não a sentir mais, quero apenas deixar-me por momentos... Mas não sei porquê... E sinto-me tão mal.
Oh, eu só queria ser outro alguém, ser teu e de ninguém, ser de mim sabendo que sou de alguém. E quando sou... Sou triste na mesma, não sei que tenho, não sei que se passa, tenho saudades da minha asa, já não me fazes voar há tanto tempo. E a culpa é minha. Os teus incessantes toques, minha amiga, sem resposta, desculpa-me, sou tão feio. Beija-me a face e faz-me sonhar de nvo, tudo era tão perfeito quando nos deitávamos lá no jardim, um qualquer que fosse... Tenho tantas saudades que me começam a querimar a cara enquanto se tranformam num mar, acho que me estou a afogar.

Preciso de ti... Preciso de cair... Correr no meio da escuridão e sentir que no fim quase morro sem respirar, cair de um precipício e no final sangrar muito, só para saber que ainda estou vivo, já o fiz tantas vezes. Porque é que agora pareço não o conseguir fazer? Estou tão triste comigo!!

Quero chorar, quero chorar tanto... tanto tanto tanto!... Mas a pedra que me tornei com o tempo, as barreiras de papelão que criei à minha volta, não me deixam escorrer pelos meus olhos. São tão finas as barreiras, porque é que ninguém as rasga? Rasga-mas... estou tão triste, tenho tantas lágrimas aqui para te dar... Nunca me viste chorar, pouca gente viu e no entanto choro em qualquer filme, se clhar porque não serei tão julgado.

Ensina-me a chorar, a retirar o Litost de dentro de mim, não quero estar triste, mas tenho vontade de cair.

Anjo caído, perdido, abandonado... Ai, deixem-me voar de novo!



Continuo com vontade de chorar, não sei que se passa, nem sei quem sou. Ao espelho vejo as marcas que o tempo deixou, tatuagem "na alma e na pele"... E a lua cheia lembra-me que não te tenho. Não a vou ver hoje, não a vejo há algum tempo, não quero saber dela, hoja sou egoísta!

quinta-feira, junho 24, 2004

Adeus

Sabes bem o que me custa ouvir-te dizê-lo. Sabes bem que nunca o quero ouvir quando vais, ou quando o dizes para me entristecer... Porquê deixar-me mais triste? Já vivo tão triste quando não estás...
Massacram-me os telefonemas vazios, tempos calados à espera que alguém fale, que se diga algo, parece já não haver nada dizer, é tão estranho, é tudo tão estranho. Meio vazio. Será grave não dizermos nada?

Vou voltar à energia reticular e à hibridação de órbitais atómicas, essas pelo menos, posso não as perceber mas nunca me dizem adeus, fazem questão de me olhar de lado, assim mesmo de lado, olhar de desdém para que eu veja como são boas. Se calhar nem são reais! Mas há quem viva bem com isso... Eu não vivo bem com os teus "adeus" mesmo quando são apenas para me magoar. E magoas-me tanto...

segunda-feira, junho 21, 2004

Podes dizer que me amas?

Só mais uma vez. Oh, prometo ser a última sabendo que vou mentir. O mel dos teus sussurros debaixo dos lençóis, é por ele que vou morrendo devagar. Espraiam-se os sussurros na infinita recordação dos nosso infinitos beijos, os momentos em que os teus lábio se abrem para me amares, quando me sugas para ti, e sou teu, sempre teu, como sempre fui (mesmo sem saber).
Se me amas, porque é que tenho isto cá dentro tão doloroso? Tira-me isto daqui já, arranca-mo, rasga-me a pele, rasga tudo de cá dentro, rasga as páginas passadas, cala o cânticos das sereias (metade mulher, metade baleias) que eu estou a dar em louco. Entoam em notas aliadas ao resplendescer de uma super-nova, devagar continuamente, dolorosamente. Mas levam-me, prendem-me as sereias para longe dos teus sussurros. são ciumes, puros ciumes. Sim, é tudo meu!... Ou não... Não sei, nunca me mostras tudo.

Estou cansado de ver o geral do teu dia banal, estou farto de não te ter para conersar, passas tanto tempo com a boca fechada. Nunca pensei que uma boca fechada pudesse magoar, como é que o fazes? Porque nunca me contas os pormenores?... Só queria saber-te dentro de mim, ou saber-me dentro de ti, ai que confusão.

Olha, podes dizer que me amas? Mas assim... devagarinho, como fazem as ondas do mar na praia da torre, em sussurros pequeninos e continuos, em beijinhos nos meus pés.

Nunca me beijaram os pés, nunca lhes tocaram a sério. Será preocupante? Nunca me amassaram os pés por amor, sei lá, por vezes... Não, já fui amado sim. Os pés... coitados dos meu pés. Nem sabem o sabor quente dos teus lábios! nunca lhes tocaste sequer... Mas eles anseiam pelo teu sabor, eu anseio por ti, tudo anseia por ti, o meu mundo perdido no teu sorriso de criança. Agora ris mais. Dantes rias menos.

Vá, diz que me amas enquanto almoças comigo, ou quando tomamos banho, prometes que tomarás banho comigo? Eu deixo-te veres-me fazer a barba, é uma coisa tão profundamente íntima para mim. Deixo-te rires-te das minhas caras quando me magoar numa borbulha qualquer, prometes? Dás-me tudo para viver mas é de ti que vem a morte dos sentidos, não consigo perceber. Talvez um dia, num dia assim de chuva e de outono, quando as folhas caem todas em danças aleatórias pelas ares dourados e cinzentos.
Como eu gosto do Outono, deixa-me sempre feliz passar num rua cinzenta e saber que mais tarde ou mais cedo um rasgo dourado me vai percorrer o olhar. E é o saber que tudo muda, que tudo cai para voltar a nascer que me faz assim querer-te mais. Cai tanto para te alcançar... Ama-me, diz que me amas quando as folhas cairem todas. Diz...

Só mais uma vez. Prometo ser a última sabendo que estou a mentir...

Medo...

Não há nada aqui, meu amor. Nada que nos prove, nada que nos incrimine os actos sagrentos de amor e paixão... Nem uma simples fotografia... Nada que nos possa prender, nada que nos possa guiar, nada para nos afogar ou fazer respirar. E estou confuso.

Ali, sentado no canto do meu carto de sombras pintado, choro as estrelas que se apagam. Correm pérolas preciosas pelo meu lânguido rosto, medo de não te ter. Agarra-as por favor, agarra as pérolas com as palmas das tuas mãos, lava-me com o teu corpo! Leva de mim tudo... ou o nada em que me vou tornando... Mas leva-me.
A parede já está quente, o frio foi embroa numa rajada de vento que me passou ao ouvido (seria um murmúrio teu?) e aqueceu-me todo o ar que mes está agora a fazer delirar. O vemelho toma conta das sombras. Oh, é sangue! Mas não é meu... é o dela... e se... Oh, eu quero-te a ti... Leva-me daqui, tira-me do inferno de sangue, leva-me para o meio das flores, para o centro das tuas estrelas, agarra-me de lá, não me largues! Medo.

É dele, agora já sei, a culpa é dele! Vem devagar. Primeiro transforma-se na alegria de um beijo apaixonad. E como os nossos beijos são apaixonados, lentos, demorados, rasgados em cada pedaço para poderem ser saboreados. Devia ser assim? Parece que nos beijamos mais com medo do depois. Terei os teus lábios na minha testa quando morrer? Não quero morrer... Medo... é como se chama.
E vem devagarinho, apodera-se das entranhas entrelaçadas no mais fundo de mim, bem no fundo para eu não reparar e então esconde-se. Mas começa a subir, faz a corda pelas lágrimas que me escorrem no canto do quarto pintado com o sangue das sombras transformadass e sobe, devagar, tal ladrão à espera de te roubar de mim. E vem assim, pé ante pé para que eu não o veja subir e deixar marcar em todos o meu corpo (ou serão os cortes das lágrimas mais quentes?). Oh, como ele é perfeito na sua jogada, nem se mascara muito, sobe apenas devagar sem reparar nas passadas inquietas bem ao meu lado. Nunca lhe vi a cor, quando me aparece à frente já estou com a lente das lágrimas à frente, aquela lente que faz ver o mundo mais imperfeito, fica tudo tão desaparecido...
Veio agora mesmo fazer troça de mim. Caiu-me em cima do colo com a cara de gozo treinada para me fazer triste. Posso jurar que é azulado, mas não sei, está tudo tão desaparecido. Pára, por favor... Medo... Tanto medo, ele está aqui, pânico, medo... Quero-te...

Hoje sou eu que me corto em pedaços, porque tenho medo de não te ter por completo, apenas porque nunca te sei no meu olhar.

terça-feira, junho 15, 2004

"Se eu fosse a tua pele... Se tu fosses o meu caminho...

Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho..." e se, se, se... Se...
Se na cumplicidade do nosso olhar se encontrasse a chave... Se tudo fosse perfeito, se eu não fosse quem sou, se nada evoluisse, se tudo estagnasse, se os rios parassem de correr porque o mar está cheio... Oh, se tudo parasse!... E nunca foi por causa dela.
Mas agora que encontraste a tua razão, não ta tirarei, mas não te deixarei murchar.

NÃO TE DEIXAREI MORRER ROSA DO PRINCIPEZINHO


domingo, junho 13, 2004

Nem sei do teu amor

Não te vejo faz tanto tempo que já nem sei bem o que sinto. Não consigo distinguir a saudade da pequena dor que se vai acumulando ao seu lado, e abraçando- com uma força irregular. Não sei bem se isso é apenas meu... mas hoje dói imenso.
Já nada me chega, entorno-me numa mesa qualquer em delírios constantes, fraquejo perante as paredes nuas novamente, devaneio de novo em todos os passos que dou.. Já não me contento com nada, já não me cheham os telefonemas. Mas eles agora são tão curtos! As horas pasaram a pequenos minutos e daqui a pouco passam a instantes, a retalhos de conversas que se vão espalhar em mim como vulcões a arder. E estes vão doer ainda mais do que os que vão escorrendo até ao meu coração! Oh...
As horas passaram a minutos escassos, porquê? Explica-me. Não tens nada para me dizer... Nunca tiveste, nunca me disseste nada, mas as horas prolongavam-se e nunca o soube, nunca o imaginei dentro de mim. Mas os minutos vão passar a segundos? Se sim avisa-me, não sei quantos segundos mais aguento sem ti! E porquê...?

Um dia cansado, o sol já se vai pondo devagar, deixando pinceladas de pêssego no horizonte azul, e no fim de tudo não soube nada de novo, não me inventei, não criei, não te soube feliz, nem sequer te soube realmente. As palavras não saem na mesma, não é? As coisas nunca mudam... Mas como é que as horas passaram a minutos? Será da saudade abraçada no canto do meu coração? Ou será antes a dor?... aquela dor... Não quero escrever.

De nada vale... Todos o lêem menos tu, meu amor, só tu não o lês como eu. Escrevo para ti, porque sei que um dia os minutos passam a segundos ou instantes que se vão perder... E então eu não vou saber porquê, assim como nem sei do teu amor...

terça-feira, junho 08, 2004

Para ti, Filipa

Não pode esperar mais...
Gostei tanto de ti, gostei tanto dos teus abraços em Sintra por entre as árvores que nos sussurravam na voz do vento... "Mas esse teu mundo era mais forte do que eu" e nunca consegui tocar-te mesmo no coração, não digas que sim. Passei meses, troquei isso por anos, rastejei, implorei, eu chorei, Filipa, chorei quinhentas vezes as mil e uma palavras frias que me atiraste à cara, gritei todas as silabas, disse-te tudo o que pude, dei-te tudo o que tinha. E chorei.
Agora, talvez tarde, mudou. Mudei... E gostei tanto de ti... Mudaste e não sabes o quanto mudaste. E terás mudado o suficiente? Mas nunca foi por isso que deixei de te amar. Gostava da tua cara de desprezo quando falava da dança, do facto de não reparares que tinha ganho o campeonato nacinal de ginástica, que me doia a perna do treino anterior, "parvoices" como sempre lhes chamaste. E a raiva que me davas, a mesma que à noite se transformava na mais bela melodia que ouvia antes de adormecer. Magoaste-me tanto. Quando te riste nas minhas lágrimas, sentado no beiral da janela...
Adorava quando fazias um movimento com os lábios, adorava... Como ansiei beijá-los, tantas noites deitado de barriga para cima a tentar imaginar como seria, tantas noites perdidas no mundo que me fazias criar dentro de mim com o brilho do teu olhar, sempre com aquele sinal invulgar no teu olho. Nunca te disse mas tinha vontade de lhe tocar sabias? Não sei, acho que sempre te quis tocar... E quando, naquela noite da viagem de finalista, me permitiste a pele na tua vertiginosa face, talvez tenha recusado. Porque é que não me tocaste tu? Inseguro...
As tardes sentados nos campos de basket da nossa velha escola, as férias já em andamento, o medo que me esquecesses, e que medo mais estúpido! Nem sabias que te lembravas de mim, desprezavas-me tanto! Os nossos olhos por momentos colados nos mundos trocados dos nossos sorrisos, os brilhos num cruzamento único, num beijo tentado. E eu tentei (quantas vezes?) aquele beijo afortunado! Nunca permitiste. E as 15/16 anos falaste-me de banalidades, do forma como quarias o teu futuro, de que querias estabilidade económica e que querias isto e aquilo. Eras tão fútil... Deixaste-me tão mal, sabendo que nunca seria o certo para ti, porque de qualquer forma o beijo havia sido negado.
Sempre pensei (soube) que quando te apaixonasses a sério seria para sempre, acho que é assim com os leões, custa mas quando vem é com força (e tenho medo que assim não seja). E soube que não seria o tal...

Mas porquê referir isso agora? Foram 4 anos contigo a falar das minhas "paixões incessantes", e eu era uma criança. Oh, cai no ridiculo, desculpa, eu sou uma criança, desculpa... Mas foram quatro anos sem um sinal que eu pudesse dizer "sim, esta é a que eu quero", apenas o meu olhar triste preso no tecto do meu quarto a chorar por vezes as tuas palavras com falta de amor, as tuas palavras duras, as tuas amolgadas palavras que me atiravas cmo pedras a rolar de uma ribanceira. Foi tanto tempo que nem sei quanto passou... E eu gostei tanto de ti. Talvez fosse o teu olhar de criança aliado à tua força interior, sim, porque tu, no fim de tudo, tu foste a mais forte dos dois, eu nunca teria conseguido ter a pessoa que "amava" sem lhe tocar, nunca conseguiria estar assim, junto dela como nós estivemos juntos um do outro, sem lhe sussurrar ao ouvido "amo-te tanto...". Isso deve ser meu erro, nem todos parecem gostar de sussurrar.

Tu eras aquela que eu mais queria
Para me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe
Talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei só para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu

Quero que saibas: Onde que que o futuro nos leve, porque... Mudámos tanto... onde quer que ele nos leve, eu saberei sempre onde é o banco em que te abracei em Sintra. Aquele pequeno banco degradado por debaixo da árvora, creio ser um plátano, com a vista para aquele campo... O nosso banco... *

segunda-feira, junho 07, 2004

Mais uma, apenas mais uma...

E se eu pudesse arrancava do céu a lua, porque é por ela que as lágrimas por vezes me rasgam a pele...
Expulsava-a daquela tela negra salpicada de manchas prateadas só para não saber que ela me vem agonizar as noites sem ti.

sexta-feira, junho 04, 2004

Soprar estrelas

No infinito reside o nada que nos move por entre as energias infiltradas do universo redondo que me corroi por dentro. É ai, no enorme, que vemos cada pedaço de nós envolvido num pano demasiado comprido para ser desfeito, somos amarrados à nossa presença, obrigados à nossa compreenção, somos sobre tudo rejeitados pelos nossos próprios desejos, aqueles de quando somos pequenos, aqueles de felicidade eterna e sorrisos perfeitos numa fotografia da família futura. Somos sugados pela nossa presença, aí, no meio do vazio, e apercebemo-nos que tudo é mentira, a verdade está mais além do que poderemos descobrir e qualquer segredo que nos sussurre devagarinho ao ouvido será mentira, já tomámos consciencia da verdade, e ela estará em ti!
É no infinito chamado compreensão que nos cruzamos, fantasma desagragado, e cortamos o ar em infinitos beijos. É aí, na compreensão do olhar cúmplice antes da madrugada chegar, que nos unimos em rodopios sem lógica, em sombras de monstros demasiado belos, em rodeios de palavras fugidias... Ah, elas fogem não fogem?... E como eu gosto de as agarrar no meio do ar vazio de respiração...

E só nós saberemos um dia a beleza de soprar estrelas no tecto do meu quarto...

terça-feira, junho 01, 2004

Na quinta ilha

— Só conheces a tua rosa depois dela florir toda a sua beleza. Se não regares a tua rosa, se não lhe deres o teu cuidado e a tua confiança, a tua rosa nunca abrirá todas as suas pétalas à luz do Sol porque tem medo... Só quando tu lhe deres a tua confiança é que conhecerás a sua verdadeira beleza. As pessoas e as rosas não se conhecem como se conhecem os objectos. Precisam da nossa confiança para se revelarem como são. E depois de se revelarem... não
podemos deixar de pensar delas senão o melhor!
E a menina continuou a fazer a sua trança como se atasse com
muito cuidado os cordões da saquinha de veludo onde guardava o seu
tesouro.

— E o que é preciso para eu te dar a minha confiança? —
perguntou o principezinho.
— Nada. Apenas acreditares naquilo que os teus olhos vêem e que
o teu coração sente. Só quando se acredita se conhece... Só quando
se acredita nas pessoas elas se transformam naquilo que são. É como
se o nosso interior nos florisse nas mãos e perfumasse quem os toca.
Mas para isso tens que acreditar em mim e eu tenho que acreditar
em ti.
E a menina começou a cantar com a sua voz muito fina e bela,
enquanto punha um lacinho na trança...


In Encontrei o Principezinho de Jorge Cabral dos Santos

segunda-feira, maio 31, 2004

Safe'n warm

Não sei porque me sinto tão triste, parece que o mundo não me suporta... deve ser da música.

There's nothing for today
there's nothing for tonight
there's nothing more

there's nothing left to say
you left,you ran away
there's nothing else

there's nothing for tonight
we're not ready for this fight
but we could try again

i'm looking for a sign
i'm looking for a line
it was all so soft
when you were here and you were mine
and now i think i'm out of time
it won't be safe and warm...

i lost you to fast
and when i did all became a mess
i got full of fear
it was all so confusing here
i found i was alone,went out screaming
i love you so and then
oh then...i felt ashamed

it's like i lost my train
and i keep running to achieve it
'cause i really hope you can come back...


domingo, maio 30, 2004

Fallen Angel

Listen to the rain...
Wasn’t the sky crying when you felt?

Did you caught a shooting star,
Did you found what was behind?

Just listen to the rain…
Isn’t it crying for some kind of love?

Sussurras-me?

Poderá ser de silêncios que se constroem as mais belas torres de homenagem ao amor.
Poderá ser de silêncios?


Preciso do teu sorriso para me aquecer o espírito congelado pelo frio do inverno que se faz sentir no meu quarto. Está frio, correm gotas de uma água pela janela baça, o meu bafo torna-se espesso no ar... Está frio nesta escuridão por detrás dos cortinados, com as costas contra a parede nua e branca, cravada de espinhos do nosso outrora suor. Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!
Vou beber do beiral do vidro por dentrás das cortinas, cada gole um beijo teu, e que saudades dos teus beijos...! Vou rasgar da parede os teus sussurros apagados e reescreve-los numa folha de céu timbrada, cola-la junto às estrelas e ser eternamente teu...

Sussurros no silêncio da madrugada, no silêncio, nunca falas...!
E quando sorris,o meu coração sorri contigo, em cada movimento dos lábios que me matam aos poucos com esse veneno tão poderoso. E quando falas... Quando falas eu paro, mas nunca pergunto.
Sussurras-me por entre os teus doces lábios?
Sussurras que me amas?... Ou será silêncio o que me dizes?...

Está frio aqui no meu quarto escuro. Espero no silêncio, em cada sussurro teu, que entres pela porta e me tragas luz roubada do sol. Espero sentado junto à parede nua, cravada de gotas do nosso suor espesso, de movimentos espantosos de coordenação cardiaca, que entres pela porta, no meio do nada que te vai envolvendo (foge!) e tragas contigo a luz roubada do sol.

A carta que não te dei

Sinto-me pequeno perante tudo!...

Sinto hoje, talvez apenas hoje, uma imensidão de um vazio dentro de mim, que me escorre nas horas perdidas sem ti, que se espraia no fulgor de um beijo que recordo inoportunamente, momentaneamente. Sinto um aperto, uma falta, um perda, será uma perda? Será que já te perdi? Será que já perdi...?
Creio que foi quando perdi o chão, perdi o mundo, perdi as mãos para agarrar os outros, perdi um pequeno luar, perdi a esperança, talvez isso! Ou não... Perdi antes a confiança... A confiança no mundo, no meu mundo, no teu mundo, no nosso pequeno mundo acabado de criar sobre fantasias ainda por imaginar, tão pequeno, tão frágil. E sinto isso quando me dizes que vais estudar, quando me contas que vais aí ficar, quando não te tenho. Sinto-o quando te imagino colado ao céu de um outro sonho, pregado a uma mentira, colado num frigorífico qualquer a relembrar-me que perdi algo, um post-it amarelo, banal, com o teu nome a sublinhado.
Desculpa... Não consigo... Tenho receio não sei do quê, fico assim, perdido não sei bem porquê, não quero que seja assim, não queria! Desculpa, sou tonto, sou parvo, o eterno ingénuo, o eterno sonhador de sonhos inconsumáveis, o eterno estúpido num mundo demasiado imperfeito para poder sequer ter-te, não sei, estou confuso, por vezes não sei se te tenho, não sei se a possessão que sinto é fruto da minha frutificada imaginação ou fruto de uma realidade qualquer que não esta, uma realidade num abraço meu tão forte que não me deixe acordar, não sei!... Ai, confusão! E esta paixão, e este amor, e este fulgor, e este sentimento de extase no teu olhar!...


E hoje ouvi-o da tua boca, algo carinhoso, algo que até hoje nunca ouvira... “amor”, nunca tal me havias chamado, e tantas vezes me perscrutei por dentro, procurei em mim uma razão para ti, algo com que te pudesse vestir, explicar o porquê de tão pouco carinho verbal, o porquê de tudo. Procuro em mim, não encontro, mas sei que não encontro porque nada de ti ainda foi visto, estás ainda tapado num museu perdido num egipto longinquo, por detras de uma negra janela ou escondido numa camâra qualquer, sem sair, sem me deixares ver, sem deixares levantar o pano. Não sei como reages, não sei como vives, não sei nada, tenho dúvidas, tenho tanta coisa e tanta confusão!
Tenho dentro de mim um canto perfumado para o teu corpo, onde te deitar sempre, a procurar sinais de um futuro ainda por escrever, tentar antever o que receio, preparar cada dia com o eterno objectivo de não te perder. Tenho aqui... Tudo para te dar... fazes-me tanta falta...
Fazes-me falta neste dia de vazio, neste dia de dimensões cruzadas com a realidade endurecida pelo cheiro do teu corpo, o cheiro da tua presença, ou da possível falta dela, a tua falta, fazes-me tanta falta!

2004-05-14
Final de uma triste tarde

sexta-feira, maio 28, 2004

Gritar

Gritar com o mundo à minha volta, revoltado,
Acabar tudo com um simples abraço,
Desistir, morrer, berrar no sussurro do vento,
Deixar tudo para trás, deixar-vos sozinhos,
Para todo o sempre...

...

Ah, que revolta, que nó por dentro,
Agarro a cabeça, balanço para longe daqui,
Mordo os lábios, magoo-me por fora,
Choro por dentro, REBENTO POR DENTRO!

AAAAAAAAAAAAAH (berrei no mundo!)

Escrito em 2004-05-16

quinta-feira, maio 27, 2004

Nada!...

Como sempre a falta das palavras para me envolverem em certezas. Como sempre a falta da transformção idílica do teu pensamento dourado em palavras sussurradas... Sempre a mesma falta, sempre o mesmo chão a fugir, sempre o universo a mudar...
Parece que tudo está fora do lugar, tudo se escorre, numa lentidão tão insana, para uma outra qualquer dimensão, a dimensão tamanha do teu nada,a dimensão imensa do teu mar de pensamento alheios ao meu pequeno céu de prata. E sinto-me tão pequeno...

Era o nada daquela boca que me dominava os dias cansados. Sempre o mesmo nada ao por do sol, sempre o mesmo vazio, o silêncio que se ia gerando e gelando as pelavras que tentavam sair. É verdade, todos sabemos que quando não se fala, ou se ama muito ou não se tem mesmo nada para dizer, ou então, o eterno "nada!", como sempre. Ai, como o silêncio me matava aos pedacinhos!...


A incerteza, esta incerteza deixa-me louco com tanta falta de razão. Só queria um céu dourado para te poder misturar o ouro do pensamento nas nuvens gastas que me socorrem as quedas durante os voos.

E custa tanto não te ter por completo...

quarta-feira, maio 26, 2004

"Doi-me a cabeça e o Universo!"

Porque é que no mundo há sempre alguém para nos inventar a vida?
Passo um dia quieto, sentado numa poltrona, deitado até, a ver um programa banal qualquer, não penso muito, falo pouco, apenas me deixo invadir pela luz fusca da televisão já a meio da noite, já com sono, com os olhos a cairem para o lado e a cabeça a pender para trás. Não faço, não conto, porque haveria de vos contara o que faço?
Acordo no dia seguinte, dores nas pernas, dores nos braços, dores na cabeça que me segura o Universo (ou será que o trago em cima dos meus ombros?) e sei que vai ser difícil, todos os dias são assim, duros, dificeis de roer. Então pego nele, como um pêssego, e rasgo-lhes a casca de manhã, sugo tudo e deixo o caroço que vocês criaram para mim. Não vos consigo roer, mas posso atirar-vos para o lixo!

Porque é que inventas tanto a minha vida?
Não consegues viver contigo, olhar-te ao espelho e sentires-te completa? Não consegues ser apenas tu sozinha por momentos, sem contares histórias de encantar com principes e cavalos? Deixas-me tão triste, tão desiludido...
Tentei estar perto do teu olhar, tentei, juro que tentei! Mas as palavras que te escapam da boca são barreira de papel que se colam à minha volta, as mesma barreiras que me levaram à solidão no Universo, as mesmas barreiras que me levaram ao afastamento. E agora, afastado de ti, continuas com o "era uma vez..." de sempre, continuas com o sorriso cínico e apertado, talvez de inveja, porque não consegues rasgar nem um pedaço da cortina de fumo que nos separa. Consegues vê-la? És cega...

Porque é que me inventas a vida num conto de fadas tão negro?...


Devias ficar presa nos espinhos quando tentasses ver-me beijar a princesa!

segunda-feira, maio 24, 2004

O azul do céu colado aos teus pés

Gosto de me deitar na relva fresca e húmida do sol que lhe escorre, deliciado com a forma das núvens que percorrem o azul do céu. Quando não vemos nada senão um enorme oceano de luz, tudo parece desaparecer, todo o mundo, todo o mal, todo o bem, tudo! Fiquei eu, aqui, deitado na relva verde que me vai picando de vez em quando a pele amaciada pelos torrões de luar, sozinho à espera que se deitem no meu peito...

Não consigo decidir quando terminou a minha infância, não sei se foi um momento em que acordei de um sonho qualquer que não me lembro de ser maravilhoso, talvez tenha sido quando senti amor, não sei, de certa forma sempre o senti, por todos aqueles que sempre me agarraram quando precisei, pela minha tia Nela que me abraçava quando o meu avô me obrigava a comer a sopa até ao fim, pela a minha avó que me levava a comida à cama quando delirava de calor numa febre que nunca terminava, do meu avô que me obrigava a ver futebol... Coitado, nunca gostei de futebol.
Gostava de me deitar no peito de alguém, se bem que creio nunca o ter feito até há bem pouco tempo, sentir a batida do coração, saber se acelerava com o meu toque ou não, saber que o coração batia com mais força só porque gostavas de mim. Acho que gostava de o fazer, não na realidade que sempre me assombrou, mas num mundo qualquer em que não sonhava, apenas vivia de uma forma diferente, um mundo de pernas para o ar, sempre com todo o céu colado aos meus pés ( ou seria aos teus eternos pés?), de barriga para o ar, sempre com um peito para me deitar, para me sentir seguro, para te dar segurança.
Não consigo decidir... Quando terminou o "sonho"? Quando deixei de ter o azul debaixo dos meus pés, quando é que senti necessidade de voltar a baixo, quando é que deixei?


Deito-me na relva contigo, minha amiga das horas perdidas, bailarina no céu da minha saudade, conto-te o que sinto, conto-te quem sou por dentro, quem me assola, quem me transcende, quem eu amo e quem me acende (há sempre alguém que me acende!). Falamos horas de pernas para o ar, deitados na sombra irrequieta de uma árvore que nos vai ouvindo tocar as melodias que vamos compondo com o nosso olhar, irrequietas. Mexem-se para nos ouvir melhor, alimentam-se na nossa voz, dos nossos segredos, na nossa intimidade que eu adoro. Oh, minha amiga... Precisava de um abraço teu...
Queria ir, como dantes, para debaixo de um céu cheio de cor, passear pelas ruas apertadas da baixa lisboeta, pelos caminhos percorridos outrora pelos nossos corpos gastos de cansaço. Queria sentar-me contigo, comer o antigo gelado, os velhos sabores, lembras-te? Lembra-te, por favor... Corriamos os dois no mesmo vento, o que nos trazia o sabor do verão a chegar, os planos que montavamos, as alegrias, as nossas gargalhadas, as nossas conversas nos longos almoços ao sol abrasador.
E eu tenho saudades disso. Não sei se se pode perder... Podem perder-se coisas muito grandes?
A culpa pode ser minha, a culpa pode ser tua, mas no fundo a culpa não é nossa e tu sabes disso, eu também sei... Sabemos os dois.

Deitado de barriga para o ar, desapareceu o mundo todo. Lembro-me de todas as vezes que o fiz, é inesquecivel a sensação de poder sobre o azul que nos cobre os pés!
Gosto que se deitem do meu lado, com a cabeça bem perto da minha, sentir apenas o cheiro do cabelo, o cheiro que vai inundar a recordação que está a ser gravada, é tão bom!...

Deitei-me no chão depois de suar, cansado da primeira parte, com ela ao meu lado, os dois, assim deitados no chão de madeira que não brilha, como tantas outras coisas. Não falámos muito, apenas nos deitámos, de barriga para o ar, a sussurrar um pouco, a deixar passar as horas, enquanto ambos o guardámos. Pois, eu sei que o guardas também, já mo disseste, ainda no outro dia "Lembras-te? Nós deitámo-nos lá no chão do ginásio...", tu lembras-te, disso eu sei. E porque é que és especial? Oh... Porque no fundo sabes quem eu sou...

E o mundo desapareceu de novo...
Não falo de ti agora, penso ainda te poder abraçar a voz hoje. Só me ligaste... Não me basta... Nada me basta...
Tenho saudades tuas, meu sonho, tenho saudades tuas...

O mundo desapareceu...

...

Senti-me perfeito nas pradarias do teu olhar
De novo livre a deslizar por entre as estrelas
Que ambos apanhavamos de barriga para o ar

domingo, maio 23, 2004

I Miss You

Hoje não te vi, perdi-te por mais um pequeno dia, num rasgado fechar de olhos. Hoje, não te toquei, só falei contigo ao telefone, ouvi a tua voz do outro lado, e por mais tempo que nos falemos soa sempre a pouco. E porque é que ficamos sempre sem assunto após breves palavras? Os silêncios que nos endurecem por momentos escassos e não nos deixam falar, será a mesma parede silenciosa que em tempo me mudou o universo?
Hoje falámos da banalidade, como sempre, do estudo, da vida que corre debaixo dos nossos pés, dos meus sonhos inacabados que nunca perguntas quais são, falámos de tanta coisa que mais parece que nem falámos de nada, parece que ficou um vazio no espaço do tempo, na recordação, uma lacuna para tapar o silêncio que nos fechou aos dois neste mar de paixão. Sim, porque eu amo-te!

Hoje ouvi as mesmas músicas que ontem, os mesmo sons balançaram pelos labirintos das minhas ideias até me trazerem à loucura, à insana podridão do toque que me falta, o teu toque. Sinto-me podre... A cair sem ti para me agarrar, sem ti que estás aí, no cubículo do teu espaço resguardado pelo biombo de cristal para não apanhares frio, "podes constipar-te", disseste tu um dia ao meu amigo, o meu eterno amigo que lá voltou para o seu eterno planetazinho onde "se fores sempre em frente não vais muito longe"... è assim que me sinto hoje... Num planeta pequeno, onde posso ver o por-do-sol 43 vezes num dia em que esteja triste (basta puxar a cadeira para a frente um pouquinho, lembras-te?) mas sempre com a falta do azul do céu colad aos teus pés... Fazes-me falta... Acho que tenho saudades tuas.




E hoje criei mais montros na minha cabeça, mais personagem para me alegrarem o dia, mais sonhos inquietos para um sonhador sem fronteiras. Hoje fui, perdido no tecto do meu quarto, até ao nosso primeiro beijo, ao nosso primeiro toque, ao teu pquenino abraço, tão forte, tão quente. Por entre as lacunas brancas da parede fria, percorri de novo a tua pele, percorri de novo os teus lábios, deixei-me de novo apaixonar pelo teu olhar de criança. E essa criança já se foi. Meu amor.

Oh...
I miss you...

Um

Porque todos algum dia escrevemos, porque algum dia todos queremos dedicar algo a alguém, porque escrever num diário é algo muito óbvio e que ninguém (supostamente) vai ler, porque escrever em vão é das piores sensações do mundo, porque respiro...
"Por tudo, por ti, por mim, pela beleza no sol poente
(Apenas porque a lua vai finalmente nascer)
Escrevo e dou ao mundo para que ninguém o possa negar:"

EU CRIEI UM BLOG! =) (lol)

E como criei hoje mesmo o meu próprio blog, sem realmente saber o que nele escrever, não vou relatar o meu dia, acho que te vou dar um nome, creio que sim, vais ser o meu "Nights" =) Sim, Nights, nunca ouviram falar, ainda bem, senão ia parecer um miúdo pequeno abraçado a sonhos antigos, mas pronto, pode ser que um dia deste conte o porquê de gostar tanto de ti, sim, de ti. Eis uma foto tua :

Nights
=) a partir de agora tens corpo e sabes uma coisa, um segredo, um sussurro no teu ouvido: sabes voar...