Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

quinta-feira, setembro 09, 2004

A árvore atrás da colina

No abraço de uma árvore qualquer
Uma corda abraçada a mim
Uma cabeça pendente
Num movimento latente
Um sussurro sem grito
Um charco sem rasto

Os olhos raiados de medo
Alucinações de um beijos seco
Passos percorridos em segredo
Ou os ecos da tua presença

No charco um reflexo sem nexo
Talvez um espelho estragado
De um sorriso perdido
De um olhar rasgado
De uma lágrima arrancada
De um alívio reencontrado

Há uma árvore atrás da colina
Um menino que lá se perdeu

Conta-se lá longe ao sabor do vento
Que aquele menino não voltou
Que foi amante de uma corda
Que num dia de outono o trespassou

1 comentário:

Miriam Luz disse...

Vive! Bebe de um trago a natureza!
Leva tudo de mim mais uma vez
Sem pena e sem mágoa e sem tristeza
Vive meu amor, que eu morro a teus pés!

Vou procurar as flores que me prometeste
Algures nas nuvens de um céu estrelado
Vou cobrir-me dos silêncios que me deste
E roubar para ti um pedaço de sol dourado

Sim, deixa-me partir sem dor e sem adeus!
Acompanhando um anjo do céu enviado
Descansando os meus olhos nos teus...

Hoje sou eu que abraço um tronco de árvore cansado
E os beijos que sonhei tatuar-te na pele
Esses, pinto-os a azul numa folha de papel...

MRML