Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

domingo, novembro 30, 2014

Comigo o tempo corre mais lento que o normal, eu sei. Sei que cada segundo demora o tempo que o teu cérebro demora a descodificar o cheiro desumano da minha pele; o tempo médio que os teus neurónios demoram a explodir entre eles numa sinergia orgânica de um orgasmo elétrico que te faz salivar, devagar mas abundantemente, para dentro de mim.

Comigo o tempo não tem lugar: é inconstante como se os fotões decidicem  tomar o caminho mais longo a percorrer a curta distância entre a minha boca (entreaberta) e os teus olhos pejados de outono só para poderem apreciar o caminho um pouco melhor, como se soubessem que o tempo (inexorável) não se repete nem se copia para nunca permitir que tudo volte ao que já foi. Movem-se à velocidade do bater das tuas pestanas, percebi hoje... E percebo-os tão bem!...

Comigo o tempo passa mais devagar porque o teu braço teima em não me abraçar quando o meu corpo pede por ti a meio da noite e a distância que separa os teus poros dos meus é a do suspiro que exalo quando te beijo tão devagar quanto os meus músculos me deixam sem me deixar estático em ti.

O tempo... O tempo é o vazio preenchido dentro de mim quando decides permitir-me dentro de ti, os segundos largados nos teus lábios esfomeados de outra coisa qualquer que eu ainda não desvendei e que trazes embrulhada dentro do teu peito sedento de uma qualquer outra coisa que não eu.

O tempo é a distância infinita entre mim e o teu coração escondido de mim, entre o teu peito e o meu beijo,  entre os teus olhos e o meu corpo, entre as minhas mãos e a tua pele... Ai, são os segundos dentro dos minutos e horas de demoro a tentar, só tentar, tirar-te do céu da minha cabeça! E não consigo...

Sim, comigo o tempo corre mais devagar que o normal, como se eu quase pudesse pará-lo para não o deixar escapar, como se o quisesse tatuar na alma para não escapar mais; como se já soubesse que não vou voltar.

segunda-feira, novembro 10, 2014

Cor-das-folhas-prestes-a-cair

Afaguei-te o cabelo cor-das-folhas-prestes-a-cair e, sem me deter, beijei-te a vida inteira como se me afogasse em ti.