Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

domingo, setembro 12, 2004

Confusão

As imagens espalham-se pelo caminho que traço com os meus pés arrastejados. Crio pegadas, devagar, lentamente ao som da melodia da tua voz ressonante no meu espírito. Um recital enebriante, bruxuliante no teu tom grave de falar (nunca te ouvi um sussurro). Os nossos olhares, imóveis, numa troca de ternura nunca antes oferecida, um sorriso meio torto que eu não conheço bem.
Instala-se uma confusão de dor e ilusão. Tomo consciência das barreiras que nos separam (pequenas barreiras de papel que podemos derrubar), dos nossos pequenos impossíveis diários, aqueles presos por um fino pedaço de seda arroxeada, a qualquer momento possíveis.
Cheguei a uma encruzilhada... Os pés não arrastam mais, levitam no vazio que me prometes. Afinal nós somos assim: um pedaço de promessas escondidas no canto escuro do olhar, vários retalhos de vazios que nos devoram todos os dias. Nós...
Mas confundo-me aqui, neste espaço enraizado do que não somos e poderemos ser... Queria ser contigo... Ou talvez não.

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