Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Detidos pelo mundo


Esperei por ti a noite inteira enquanto rodopiavas num pé e balançavas as ancas pelo ritmo lamacento que se pegava aos nossos sapatos. Não chegas nunca, nunca vens mas os teus olhos chamam por mim. Eu chamo por ti. Trocamos olhares sem ninguém saber, como se todo o mundo se focasse em ti, em mim, nos teus lábios a pedirem a minha boca a espalhar-se num beijo teu. Dói-me a espera, agrada-me a distância. E quando os nossos dedos se tocam no caminho descontrolado e os nossos olhos se cruzam sem pudor e o teu cheiro me invade e o beijo se pode tornar carne, somos detidos pelo mundo, sempre e sempre outra vez. Ah, dá-me a carne do teu corpo! Dá-me a esguelha dos teus olhos, a tua mão no meu cabelo, a minha mão na tua nuca! Dá-me o teu sabor, amor, disfarçado num beijo meu.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Aos teus pés

Aos meus pés jazem os beijos e os abraços
Que outrora se colavam a mim.
Os segredos, as promessas e os sussuros
Espalham-se no chão como folhas soltas
De um livro gasto e velho.

Há poeira a invadir-me os sentidos;
Invade-me as mãos e o coração.
Há sorrisos turvos que se afogam na banheira,
Olhares cúmplices com sabor a solidão.

Há um berro. Solta-se e cai morto junto a ti.

Aos meus pés jazem os teus beijos e os teus abraços.
Aos meus pés jazem os segredos, as promessas e os sussuros.
Aos teus pés jazem os meu braços... jaz o meu corpo frio
Sedento de um beijo teu.




Solitude

Solidão não é pra dois
Não foi feita para que se divida,
é algo mesquinho, que só uma pessoa sente.

R. G. Pfarrius