Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

segunda-feira, outubro 11, 2004

Passos melancólicos

Tenho os pés enlameados pelo nosso caminho meloso
E vou andando devagar sobre a tua respiração ausente,
Pelos sussurros, poupados ao vento, no meu pescoço
Tatuado pelo sabor doce da tua rugosa pele, demente...

Os pés pesados já não voam como dantes, meu amor;
Rastejam melancolicamente seguinto os teus passos
Que se escapam no meu olhar envolvido pelo teu calor
Ou pelos beijos escondidos da multidão com olhar de aço.

Vem rasgar-me a pele e vestir-te de mim, de tudo o que sou,
Do que te dou na ternura de um abraço fechado e apertado
Do meu suspiro de paixão irremediavelmente enforcado.

Lava-me os pés no teu beijo latente, no teu peito ardente
Que assim não consigo possuir-te no azul do céu espelhado
Pelos momentos perdidos nos nossos pés entrelaçados.

1 comentário:

Miriam Luz disse...

SUJA DE SOFRIMENTO

Lembra-te, meu amor, dos poemas que bradei aos céus!
Das cores e dos cheiros das minhas madrugadas sem ti
Dos sorrisos que te roubei, que afinal não eram meus
Das lágrimas que nunca foste capaz de chorar por mim!

Lembra-te, meu amor, desse caminho de terra enlameada!
Recorda os meus próprios pés sujos de noites de solidão
Os beijos que nunca existiram e que nunca mos lavaram...
A lua que coloquei no meu peito, em jeito de coração...!

Lembra-te, meu amor, da dor com que para sempre me vesti
Do sangue, das feridas, da pele que também rasguei por ti...
Lembra-te das estrelas que me queimaram a ponta dos dedos!

Oh, meu amor! Lembra-te dos meus sonhos e dos meus segredos!
Lembra-te do meu corpo, da minha alma vazia, solta no vento!
Quero que me recordes assim! Suja de amor e de sofrimento!

Miriam