
Deitei-me e não me arrependo, só tenho medo de nunca mais me levantar. Medo de nunca te chegar a ver. As flores são negras cor do teu olhar, marcam-me a pele em delicados movimentos de ternura, corroem-me a alma em toques suaves, matam-me mais, levam-me mais longe. Levam-me ao azul do céu solarengo, ao medo pintado SÓ para ti, às cadeiras de baloiço que eu não deixo parar, às tua carne pendurada nas paredes do meu quarto, os teus pedaços colados na minha cabeça.
A tua mão... A minha mão... Não estavam juntas quando mergulhei.
1 comentário:
FLORES NEGRAS
Não entendo esse ritual de prazer doentio
Porque me matas e me cobres de flores negras
Que foste guardando no fundo de um coração vazio
Que disfarçaste com sentimentos nascidos de pedras
Não entendo porque me levaste o peito cheio de fantasias
Em troca de flores secas roubadas em jardins abandonados
Acabando por mergulhar sozinho e de mãos vazias
No charco de lágrimas nascido dos meus olhos magoados
Talvez o meu olhar escuro espelhe a tristeza e a solidão
Talvez seja o reflexo negro das flores mortas que me ofereces
Que estrangulo, que aperto com mágoa junto ao coração
Talvez as flores sejam encarnadas de sangue e de paixão
Talvez não sejam negras como os punhados de terra
Que esta noite derramaste sobre o meu caixão
MRML
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