Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

terça-feira, outubro 05, 2004

Vou falar de ti

Quando, num futuro distante,
Perguntarem o que me vai no coração,
Eu vou falar do vento que me acaricia a face,
Vou falar da noite que cai
E vai deixando ao longe pedaços de açúcar
Tão doces como o luar numa noite de verão.

Vou falar da luz do sol,
No voo desordenado de um bando de pássaros,
Nas formas doces de algodão que as nuvens rabiscam no céu...

Vou falar do cheiro a maresia que invade o ar,
Das ondas do mar, do reflexo azul do céu...

Vou falar da sensação de dormir na relva,
Da canção de um pássaro a leste,
Dos livros que li,
Da beleza do raiar do sol,
Da eterna forma como as folhas caem de uma árvore outonal
deixando de ouro e prata o chão já gasto.

Vou lembrar-me, vou falar de um anigo,
De outro amigo,
Das tardes em que a alma não se cala e desatina,
De quando a tristeza se apodera do ser
E ao longe há sempre um luar,
Do bater do coração,
Da loucura de uma paixão...

Falarei da magia de um sonho,
Da magia de um olhar sereno,
Do mar num ser único...

Falarei das tardes perdidas na incessante busca de um olhar,
Da eterna beleza do tempo quando cada segundo é precioso,
Do sabor de um beijo resgatado, em ilusão,
Da melodia dentro da cabeça quando se vê a pessoa amada,
Da alegria de uma vitória difícil,
Do brilho de um sorriso,
Do som da gargalhada...

Vou falar do cheiro de uma flor,
Do voo gracioso de uma borboleta,
Da calma quando se roda à chuva,
Das cores brilhantes do arco-íris,
Do cheiro da terra molhada...

Vou falar do calor de uma lareira num dia frio de inverno,
Do suave assobio do vento numa janela...
Vou falar do mundo,
Da interminável beleza de um ser,
Do misticismo guardado em cada momento,
Dos olhares gravados no coração,
Dos sorrisos...

Vou falar...Vou falar de ti...

(... Porque me vais no coração...)

Marco Mercier
Escrito em 2003-07-11

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