Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

domingo, maio 30, 2004

Sussurras-me?

Poderá ser de silêncios que se constroem as mais belas torres de homenagem ao amor.
Poderá ser de silêncios?


Preciso do teu sorriso para me aquecer o espírito congelado pelo frio do inverno que se faz sentir no meu quarto. Está frio, correm gotas de uma água pela janela baça, o meu bafo torna-se espesso no ar... Está frio nesta escuridão por detrás dos cortinados, com as costas contra a parede nua e branca, cravada de espinhos do nosso outrora suor. Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!
Vou beber do beiral do vidro por dentrás das cortinas, cada gole um beijo teu, e que saudades dos teus beijos...! Vou rasgar da parede os teus sussurros apagados e reescreve-los numa folha de céu timbrada, cola-la junto às estrelas e ser eternamente teu...

Sussurros no silêncio da madrugada, no silêncio, nunca falas...!
E quando sorris,o meu coração sorri contigo, em cada movimento dos lábios que me matam aos poucos com esse veneno tão poderoso. E quando falas... Quando falas eu paro, mas nunca pergunto.
Sussurras-me por entre os teus doces lábios?
Sussurras que me amas?... Ou será silêncio o que me dizes?...

Está frio aqui no meu quarto escuro. Espero no silêncio, em cada sussurro teu, que entres pela porta e me tragas luz roubada do sol. Espero sentado junto à parede nua, cravada de gotas do nosso suor espesso, de movimentos espantosos de coordenação cardiaca, que entres pela porta, no meio do nada que te vai envolvendo (foge!) e tragas contigo a luz roubada do sol.

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