Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

terça-feira, junho 01, 2004

Na quinta ilha

— Só conheces a tua rosa depois dela florir toda a sua beleza. Se não regares a tua rosa, se não lhe deres o teu cuidado e a tua confiança, a tua rosa nunca abrirá todas as suas pétalas à luz do Sol porque tem medo... Só quando tu lhe deres a tua confiança é que conhecerás a sua verdadeira beleza. As pessoas e as rosas não se conhecem como se conhecem os objectos. Precisam da nossa confiança para se revelarem como são. E depois de se revelarem... não
podemos deixar de pensar delas senão o melhor!
E a menina continuou a fazer a sua trança como se atasse com
muito cuidado os cordões da saquinha de veludo onde guardava o seu
tesouro.

— E o que é preciso para eu te dar a minha confiança? —
perguntou o principezinho.
— Nada. Apenas acreditares naquilo que os teus olhos vêem e que
o teu coração sente. Só quando se acredita se conhece... Só quando
se acredita nas pessoas elas se transformam naquilo que são. É como
se o nosso interior nos florisse nas mãos e perfumasse quem os toca.
Mas para isso tens que acreditar em mim e eu tenho que acreditar
em ti.
E a menina começou a cantar com a sua voz muito fina e bela,
enquanto punha um lacinho na trança...


In Encontrei o Principezinho de Jorge Cabral dos Santos

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