Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

quarta-feira, setembro 16, 2015

Dancei para ti quando os teus braços eram meus.

Finjo que o teu corpo me pertence
E danço com os teus braços cor de mel. 

Não me movo graciosamente 
como imaginava que te movesses: 
cada perna é um tronco 
e cada passo um desassossego.

Avanço a dedilhar o tempo 
e os cabelos cor-de-vazio
com as tuas mão pesadas
de nada a transbordar.

Finjo que o teu corpo me pertence
E abraço-me de novo para sentir
O meu corpo nos teus braços
(Que são os meus braços 
A abraçar-me a mim.)

Não me sinto.
Não te sentes.
E eu já não sou teu.

Finjo que o teu corpo é teu
(como se de outra forma pudesse ser)
E danço sem os teus braços cor de mel.
(Para sempre.)