Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

domingo, maio 23, 2004

I Miss You

Hoje não te vi, perdi-te por mais um pequeno dia, num rasgado fechar de olhos. Hoje, não te toquei, só falei contigo ao telefone, ouvi a tua voz do outro lado, e por mais tempo que nos falemos soa sempre a pouco. E porque é que ficamos sempre sem assunto após breves palavras? Os silêncios que nos endurecem por momentos escassos e não nos deixam falar, será a mesma parede silenciosa que em tempo me mudou o universo?
Hoje falámos da banalidade, como sempre, do estudo, da vida que corre debaixo dos nossos pés, dos meus sonhos inacabados que nunca perguntas quais são, falámos de tanta coisa que mais parece que nem falámos de nada, parece que ficou um vazio no espaço do tempo, na recordação, uma lacuna para tapar o silêncio que nos fechou aos dois neste mar de paixão. Sim, porque eu amo-te!

Hoje ouvi as mesmas músicas que ontem, os mesmo sons balançaram pelos labirintos das minhas ideias até me trazerem à loucura, à insana podridão do toque que me falta, o teu toque. Sinto-me podre... A cair sem ti para me agarrar, sem ti que estás aí, no cubículo do teu espaço resguardado pelo biombo de cristal para não apanhares frio, "podes constipar-te", disseste tu um dia ao meu amigo, o meu eterno amigo que lá voltou para o seu eterno planetazinho onde "se fores sempre em frente não vais muito longe"... è assim que me sinto hoje... Num planeta pequeno, onde posso ver o por-do-sol 43 vezes num dia em que esteja triste (basta puxar a cadeira para a frente um pouquinho, lembras-te?) mas sempre com a falta do azul do céu colad aos teus pés... Fazes-me falta... Acho que tenho saudades tuas.




E hoje criei mais montros na minha cabeça, mais personagem para me alegrarem o dia, mais sonhos inquietos para um sonhador sem fronteiras. Hoje fui, perdido no tecto do meu quarto, até ao nosso primeiro beijo, ao nosso primeiro toque, ao teu pquenino abraço, tão forte, tão quente. Por entre as lacunas brancas da parede fria, percorri de novo a tua pele, percorri de novo os teus lábios, deixei-me de novo apaixonar pelo teu olhar de criança. E essa criança já se foi. Meu amor.

Oh...
I miss you...

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