Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

sábado, fevereiro 27, 2010

Desfaz-me

Há todo um vazio preenchido de nada, todo um mundo perdido de tudo. Há a palma suja da mão, carvada de sangue e saudade que me agarra o peito para não me deixar morrer, há o coração vazio... preenchido de nada.

Não me digam que está tudo bem quando o vento me espanca e me deixa cair na lentidão dos dias que não são mais dias! Há todo um buraco imenso na microscopia do meu desfazer: roto, desfeito, despedaçado.

Quero que me devolvam o que já não sou, que não me agarrem com as mãos sujas de sangue e saudade. Quero que me escorram os olhos pelo corpo até não haver mais nada!... Mais Nada! E aí... Só aí, me preencher: devagar, sozinho, vazio.