Deparei-me com a tua saudade presa na porta do meu quarto esta noite. Está ali, colada com dois pedaços de fita-cola dourada como o ar que se avizinha, um pequeno papel com uma letra esgafinhada onde se lê "Saudade". Há horas que me mantenho num estado de aceitação perante esta estranha visão mas, agora, pergunto-me de onde veio, quem a colou, como me alcançou?
O papel é branco. A tua pele é branca, não tão branca como o papel-da-saudade-colada-na-porta-do-meu-quarto, mas branca, como a minha. Realmente, que raio de catalogação que me arranjaram - brancos, pretos, amarelos e vermelhos. Não me chega, sempre preferi o laranja ou o verde. Mas o papel faz-me recordar-te, numa tarde, uma única tarde, um toque escondido por um gesto, por um retirar de cabelo... Tão terno...
As letras estão gatafunhadas a um vermelho, tenho receio que seja sangue, mas talvez não. Está assim... Feliz, uma escrita feliz (isso existe?). A saudade pode não ser triste não é? Afinal não preciso de me suicidar todas as noites num berro ou num sussurro, basta deitar-me no chão a soprar as minhas estrelas para te voltar a ver. O problema é que é tudo demasiado irreal. Não te toco, não te cheiro, não te sinto... Mas basicamente é o que vivo instante a instante, todos os dias.
Vou buscar o papel...
O papel é branco. A tua pele é branca, não tão branca como o papel-da-saudade-colada-na-porta-do-meu-quarto, mas branca, como a minha. Realmente, que raio de catalogação que me arranjaram - brancos, pretos, amarelos e vermelhos. Não me chega, sempre preferi o laranja ou o verde. Mas o papel faz-me recordar-te, numa tarde, uma única tarde, um toque escondido por um gesto, por um retirar de cabelo... Tão terno...
As letras estão gatafunhadas a um vermelho, tenho receio que seja sangue, mas talvez não. Está assim... Feliz, uma escrita feliz (isso existe?). A saudade pode não ser triste não é? Afinal não preciso de me suicidar todas as noites num berro ou num sussurro, basta deitar-me no chão a soprar as minhas estrelas para te voltar a ver. O problema é que é tudo demasiado irreal. Não te toco, não te cheiro, não te sinto... Mas basicamente é o que vivo instante a instante, todos os dias.
Vou buscar o papel...
"Saudade" colada ao peito, onde tudo me habita e tudo se debate. Começo a sentir um aperto, de certeza que é da fita-cola. Percorro a borda do pequeno papel com os dedos a tremer, a tua cara, a tua pele esquecida debaixo dos meus lençois, aqueles em que nunca penetraste. Mas eu meto-te lá dentro, deito-me com tudo colado ao peito. Colo-te no meu lençol verde-alface, a "saudade" de não te ter, debaixo de mim, no meu quarto escuro, para te sentir. A tua pele está comigo para sempre, debaixo deste lençol fresco, do edredon mais quente, perto da almofada em que te abraço por vezes, o teu toque pertence-me por instantes.
A tinta desapareceu...
A tinta desapareceu...
Peguei na caneta preta e escrevi, no lugar da "saudade" que me tomava o corpo debaixo dos lençois, "quero-te". Vou colar isto na porta do meu quarto, pode ser que quando vieres buscar o pequeno-papel-da-"saudade"-colado-na-porta vejas que mudei a cor da caneta e agora te quero, "quero-te" mais que a "saudade" que te devorou.
1 comentário:
FUI A NÚMERO 100!!!!!! :D
Bem... como ainda não tinha comentado o teu blog (pelo menos com o meu nome por perto... lololol), achei que devia ser... agora! :p
Como já te disse, gostei muito deste... continuo sem me lembrar do nome... "post"?... ok! Não interessa!
E lembrei-me de outra "desculpa"... tomas-te uma atitude! Foste capaz de escrever qualquer coisa no papel! Acho que se fosse à um tempinho atrás o terias guardado apenas... ;)
BEIJOOOOOOOOOOOOOOOO *Soph*
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