Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

terça-feira, julho 18, 2006

Sou-te

Já não me escondo mais em ti, meu amor.
Imito-te os gestos lentos, teu doce beijo
E a saudade que se espelha no teu peito.
Ah, imito-te a vida, recordo-te os sonhos!

Sou a sombra que te percorre devagar,
Sou o toque languido, o abraço apertado,
A vertigem dos corpos que não vais apagar!...
Sou-te o mundo... guardado bem longe de ti.

Não me escondo mais, meu amor, Oh, não!...
Sou marioneta, fantoche imitador. Sou-te.
E por cada lágrima um movimento demorado e torto.

Sou-te os dias morosos, o desmoronar do tempo
E sou o afagar dos teus cabelos, ainda tão meus...
Tu és o sonho, a vida e o momento. És-me. E eu sou teu.

So.far

Sinto o desenrolar do teu corpo sobre o meu como o peso do tempo na minha própria pele. Enrugas-me as mãos e o olhar deixando marcas que só tu, um dia, saberás reconhecer. És o tempo que eu já não sei mais contar, as horas passadas na lentidão com que me demoro no teu sorriso sempre fechado, a leveza no movimento do meu corpo a pedir por ti. E peço tanto por ti!

Sinto a palma da tua mão a espraiar-se sobre o meu peito e não sei como acalmar a vertigem que se acelera cá dentro. Perdi a conta aos "não te beijo" ou "não te abraço", perdi noção das palavras que te atiro como pedras certeiras que falham sempre mas magoam por dentro.

Perdi a noção de ti.
Perdi a noção de mim,
De nós...!

Mas sinto-te até no roçagar da roupa na minha pele. Sinto-te... como se sempre fosse teu.