Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

terça-feira, junho 08, 2004

Para ti, Filipa

Não pode esperar mais...
Gostei tanto de ti, gostei tanto dos teus abraços em Sintra por entre as árvores que nos sussurravam na voz do vento... "Mas esse teu mundo era mais forte do que eu" e nunca consegui tocar-te mesmo no coração, não digas que sim. Passei meses, troquei isso por anos, rastejei, implorei, eu chorei, Filipa, chorei quinhentas vezes as mil e uma palavras frias que me atiraste à cara, gritei todas as silabas, disse-te tudo o que pude, dei-te tudo o que tinha. E chorei.
Agora, talvez tarde, mudou. Mudei... E gostei tanto de ti... Mudaste e não sabes o quanto mudaste. E terás mudado o suficiente? Mas nunca foi por isso que deixei de te amar. Gostava da tua cara de desprezo quando falava da dança, do facto de não reparares que tinha ganho o campeonato nacinal de ginástica, que me doia a perna do treino anterior, "parvoices" como sempre lhes chamaste. E a raiva que me davas, a mesma que à noite se transformava na mais bela melodia que ouvia antes de adormecer. Magoaste-me tanto. Quando te riste nas minhas lágrimas, sentado no beiral da janela...
Adorava quando fazias um movimento com os lábios, adorava... Como ansiei beijá-los, tantas noites deitado de barriga para cima a tentar imaginar como seria, tantas noites perdidas no mundo que me fazias criar dentro de mim com o brilho do teu olhar, sempre com aquele sinal invulgar no teu olho. Nunca te disse mas tinha vontade de lhe tocar sabias? Não sei, acho que sempre te quis tocar... E quando, naquela noite da viagem de finalista, me permitiste a pele na tua vertiginosa face, talvez tenha recusado. Porque é que não me tocaste tu? Inseguro...
As tardes sentados nos campos de basket da nossa velha escola, as férias já em andamento, o medo que me esquecesses, e que medo mais estúpido! Nem sabias que te lembravas de mim, desprezavas-me tanto! Os nossos olhos por momentos colados nos mundos trocados dos nossos sorrisos, os brilhos num cruzamento único, num beijo tentado. E eu tentei (quantas vezes?) aquele beijo afortunado! Nunca permitiste. E as 15/16 anos falaste-me de banalidades, do forma como quarias o teu futuro, de que querias estabilidade económica e que querias isto e aquilo. Eras tão fútil... Deixaste-me tão mal, sabendo que nunca seria o certo para ti, porque de qualquer forma o beijo havia sido negado.
Sempre pensei (soube) que quando te apaixonasses a sério seria para sempre, acho que é assim com os leões, custa mas quando vem é com força (e tenho medo que assim não seja). E soube que não seria o tal...

Mas porquê referir isso agora? Foram 4 anos contigo a falar das minhas "paixões incessantes", e eu era uma criança. Oh, cai no ridiculo, desculpa, eu sou uma criança, desculpa... Mas foram quatro anos sem um sinal que eu pudesse dizer "sim, esta é a que eu quero", apenas o meu olhar triste preso no tecto do meu quarto a chorar por vezes as tuas palavras com falta de amor, as tuas palavras duras, as tuas amolgadas palavras que me atiravas cmo pedras a rolar de uma ribanceira. Foi tanto tempo que nem sei quanto passou... E eu gostei tanto de ti. Talvez fosse o teu olhar de criança aliado à tua força interior, sim, porque tu, no fim de tudo, tu foste a mais forte dos dois, eu nunca teria conseguido ter a pessoa que "amava" sem lhe tocar, nunca conseguiria estar assim, junto dela como nós estivemos juntos um do outro, sem lhe sussurrar ao ouvido "amo-te tanto...". Isso deve ser meu erro, nem todos parecem gostar de sussurrar.

Tu eras aquela que eu mais queria
Para me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe
Talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei só para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu

Quero que saibas: Onde que que o futuro nos leve, porque... Mudámos tanto... onde quer que ele nos leve, eu saberei sempre onde é o banco em que te abracei em Sintra. Aquele pequeno banco degradado por debaixo da árvora, creio ser um plátano, com a vista para aquele campo... O nosso banco... *

7 comentários:

FBatista disse...

Amigo mais uma vez...tocaste-me é lindo quando se ama assim...e é triste quando n se pode ter quem amamos. A Filipa n deve saber bem o que está a desperdiçar...(normalmente as filipas são pessoas mto complexas com mto por descobrir) talvez seja uma defesa dela com o medo de se apaixonar por ti, a felicidade so é plena uma vez na nossa vida. Amigo não vale apena estar agarrado a algo que não preenche as nossas espectativas. Não estou a falar por falar sabes disso, tenho bem noção do que digo. E sei que é dificil...
Só que...eu cheguei á conclusão que não é a separação fisica que magoa é a separação espiritual é a distância psicologica. A distancia fisica dá saudades a distancia psicologica dá magoa e desgosto. Custa tanto... é tão dificil. O que é suposto fazer-se quando morre a nossa pessoa perfeita? o que aconteçe quando queremos falar com a pessoa que amamos e não podemos por forças maiores que nós? não há telemovel não há cartas n há nada....simplesmente n dá. O que vou eu fazer sem ele agora...sinto-me perdida e sozinha. De outra forma e por diferentes razões, pareçe-me que temos o mesmo problema...

FBatista disse...

Agora entendi o porque da tua afirmação em tempos..."há...outra filipa e leão" agora compreendo. Não julgues todas as pessoas pelo mesmo* bjo gande adoro-te amigo*

Miriam Luz disse...

Que a árvore sobre o "vosso" banco abrigue ainda muitos e muitos amantes...
Lembra-te que ainda há quem goste de sussurrar (muito...!)
Um beijo,
Míriam*

Anónimo disse...

De que vale um sussuro se não é a voz que queremos ouvir?
Chorar sempre fez bem... torna as coisas mais leves! e descobres sempre quem possa estar ao teu lado para te pegar pela mão e te ajudar a continuar...
Tens demasiados sussuros... não é? demasiada gente... a querer falar baixinho ao teu ouvido!
acima de tudo... considero-te meu amigo! e "se te sentires sozinho numa noite assim..." ;) eu estou aqui... para o tal "ombro amigo"... um beijinho muito grande de "apenas mais uma" *Sempre...*

Unknown disse...

Amigo, deves seguir em frente. Há quem não aceite as pessoas ao seu redor. Por mais que amemos alguém, o Amor não é o mesmo senão houver uma relação bívoca. Quero que saibas que, para além de adorar o teu post, isso também me tocou muito porque me lembra uma das minhas relações. Expressar-me acerca dela não era para ti grande coisa, mas quero que entendas que a vida é imperfeita e não aceitamos nada bem estas imperfeições. Convive com estas imperfeições, por mais que te doa. Retira delas o que há de bom e relembra bem os momentos vividos. Segue o teu caminho........

P.S - Marco, blog muito bom!!!!!!

DrEaMaKeR disse...

Obrigado por todos os comentários... É estranho , fico sem saber o que dizer, mas sei que um "obrigado" é sempre bom. Quanto a ti Sofy, sabes que não és mais uma, és única, tão única como a rosa do principezinho, e tu sabes disso, apenas... enfim. Obrigado Nuno, já tive oportunidade de estar no teu blog, sabes que eu vejo muito o da Miriam :p e depois... A Melian percebeu-me =) Obrigado e CONTA COMIGO!
[*]

Anónimo disse...

Amigo, pode ser que um dia voltes a sorrir como eu te via sorrir, tu enchias uma sala e preenchias-me a mim !! Adeus