Se me amas, porque é que tenho isto cá dentro tão doloroso? Tira-me isto daqui já, arranca-mo, rasga-me a pele, rasga tudo de cá dentro, rasga as páginas passadas, cala o cânticos das sereias (metade mulher, metade baleias) que eu estou a dar em louco. Entoam em notas aliadas ao resplendescer de uma super-nova, devagar continuamente, dolorosamente.

Estou cansado de ver o geral do teu dia banal, estou farto de não te ter para conersar, passas tanto tempo com a boca fechada. Nunca pensei que uma boca fechada pudesse magoar, como é que o fazes? Porque nunca me contas os pormenores?... Só queria saber-te dentro de mim, ou saber-me dentro de ti, ai que confusão.
Olha, podes dizer que me amas? Mas assim... devagarinho, como fazem as ondas do mar na praia da torre, em sussurros pequeninos e continuos, em beijinhos nos meus pés.

Vá, diz que me amas enquanto almoças comigo, ou quando tomamos banho, prometes que tomarás banho comigo? Eu deixo-te veres-me fazer a barba, é uma coisa tão profundamente íntima para mim. Deixo-te rires-te das minhas caras quando me magoar numa borbulha qualquer, prometes? Dás-me tudo para viver mas é de ti que vem a morte dos sentidos, não consigo perceber. Talvez um dia, num dia assim de chuva e de outono, quando as folhas caem todas em danças aleatórias pelas ares dourados e cinzentos.

Só mais uma vez. Prometo ser a última sabendo que estou a mentir...
2 comentários:
Não... Não deixes que caiam todas! Deixa uma... Deixa uma para testemunhar a tarde em que te levantas do vazio e deixas um rasto dourado nessas ruas cinzentas. A tarde em que não pedes que te amem. A tarde que se multiplica em vida e tranforma cada gota de chuva num doce mrmúrio que ecoa pelo universo... "Amo-te...amo-te...amo-te..."
Tudo o resto... Deixas-me?
"Se ele me tocasse seria a patética implosão dos meus sentidos"
Miriam...*
preciso de ti
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