Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

terça-feira, junho 28, 2005

Espelho



Lembro-me do toque das tuas mãos, dos pequenos gestos nos teus dedos, dos sorriso nos teus lábios... Os cheiros e os sabores, as palavras que escorriam pela noite fora, as lágrimas que as limpavam. O olhar luminoso sempre a amanhecer, aquele brilho... onde foi?

As curvas no teu rosto são agora longas, profundas como a melancolia que se espraia no teu ohar. Não sorris quando te calas, choras quando ninguém olha. Não procuras o abraço de quem te quer abraçar, foges como se não houvesse amanhã... [E o amanhã não te interessa! Hoje foi tão mau!...]

Enrolas-te sobre ti, de mansinho. Deixas a cabeça entrelaçada por entre os braços e os cabelos agarrados nas mãos e choras. Choras prque te perdeste de ti próprio. Porque a felicidade não é assim tão feliz e ninguém pode saber disso. Porque acordar não tem tanta piada como contas ao mundo. Porque o universo não é assim tão perfeito apenas porque no inverno existem laranjas e no verão melancia. Porque respirar custa e já não aguentas...


segunda-feira, junho 27, 2005

.Dois.

(A pedido da dikas)

Um dia ela entrou na minha vida, como o vento entra pela janela por maior que tenha sido a força com que a tenhamos fechado. Pelas frechas, pelos vazios de alma que não completam, pelas falhas.... E passeou-se dentro de mim num andar melancólico de amor irremediável, tocou em cada canto, beijou cada centímetro e foi. Foi-se, agarrada a uma núvem que por alí passou ("nos sonhos pode ser assim"). Numa mão a cauda do mundo, na outra o coração. Mas foi. E eu fui também!
Quando ando de comboio ainda oiço os passos dela, ainda a procuro na cara dos passageiros, não vá ela um dia lembrar-se de me seguir! Ainda bebo chá de caramelo à espera que se deite sobre as minha pernas para a agarrar devagar e dizer que a amo. Ainda afago o ar que respiro na esperança que lhe roce a pele, mais tarde... Ainda a procuro dentro de mim. Ainda coro quando penso... Ah, ainda a amo...

[The end]

[Porque os finais felizes são finais que ainda não terminaram...]

segunda-feira, junho 06, 2005

Queria tanto um abraço teu...

Queria tanto um abraço teu... Que me encontrasses de novo no quarto ao lado com uma fotografia entre os braços, com as lágrimas coladas à cama, a cara colada à almofada. Que me abraçasses como não me braçam há anos, que me secasses as lágrimas e me acarinhasses. Que me dissesses que vai tudo correr bem [ninguém me diz isso nunca...], que me afagasses o cabelo e te deitasses ao meu lado. Que me enchsses de perguntas pelo meio dos meus soluços, que me tentasses compreender de novo... Quero tanto que me abraces e leves as lágrimas contigo pela porta daquele quarto ou pela janela entre os quartos!...