Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

quinta-feira, outubro 14, 2004

Fiz-te morrer

Morrias em mim, em tudo o que nunca fui e já não serei,
Nos sinais pintados sem tinta nas paredes nuas,
Na incompreensão, na indiferença com que nunca te beijei,
Nos abraços esquecidos, escondidos nas nossas ruas...

Morrias na minha ausência tão disparatada, tão louca,
Nas diferenças encontradas ao sabor do escasso tempo,
No mundo que não te dei, na nossa voz já gasta e rouca,
No teu tempo perdido (para sempre), em tudo o que sou [ neste momento]...

E afinal eramos dois... À procura da mesma verdade,
Na tentativa já morta de um amor já tosco,
Tão tosco quanto o final deprimente desta triste tarde.

E, apesar de morto, queria-te aqui, como dantes (, para sempre)
Sabendo que não te tenho e que não mais podemos correr...
Meu amor, viverás melhor?... Estás longe de tudo [o que um dia te fez morrer].

1 comentário:

Anónimo disse...

"Nada se passa, a não ser, o que é muito, a cumplicidade dos "esquecimentos" e da nostalgia, os ressentimento e fantasias, as mudanças de humor, aquilo que irrompe em turbilhão cada um de nós e não consegue ser negado - mas que logo de seguida se acalma.
A memória coloca a fasquia demasiado alta para a realidade."