Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

domingo, maio 30, 2004

A carta que não te dei

Sinto-me pequeno perante tudo!...

Sinto hoje, talvez apenas hoje, uma imensidão de um vazio dentro de mim, que me escorre nas horas perdidas sem ti, que se espraia no fulgor de um beijo que recordo inoportunamente, momentaneamente. Sinto um aperto, uma falta, um perda, será uma perda? Será que já te perdi? Será que já perdi...?
Creio que foi quando perdi o chão, perdi o mundo, perdi as mãos para agarrar os outros, perdi um pequeno luar, perdi a esperança, talvez isso! Ou não... Perdi antes a confiança... A confiança no mundo, no meu mundo, no teu mundo, no nosso pequeno mundo acabado de criar sobre fantasias ainda por imaginar, tão pequeno, tão frágil. E sinto isso quando me dizes que vais estudar, quando me contas que vais aí ficar, quando não te tenho. Sinto-o quando te imagino colado ao céu de um outro sonho, pregado a uma mentira, colado num frigorífico qualquer a relembrar-me que perdi algo, um post-it amarelo, banal, com o teu nome a sublinhado.
Desculpa... Não consigo... Tenho receio não sei do quê, fico assim, perdido não sei bem porquê, não quero que seja assim, não queria! Desculpa, sou tonto, sou parvo, o eterno ingénuo, o eterno sonhador de sonhos inconsumáveis, o eterno estúpido num mundo demasiado imperfeito para poder sequer ter-te, não sei, estou confuso, por vezes não sei se te tenho, não sei se a possessão que sinto é fruto da minha frutificada imaginação ou fruto de uma realidade qualquer que não esta, uma realidade num abraço meu tão forte que não me deixe acordar, não sei!... Ai, confusão! E esta paixão, e este amor, e este fulgor, e este sentimento de extase no teu olhar!...


E hoje ouvi-o da tua boca, algo carinhoso, algo que até hoje nunca ouvira... “amor”, nunca tal me havias chamado, e tantas vezes me perscrutei por dentro, procurei em mim uma razão para ti, algo com que te pudesse vestir, explicar o porquê de tão pouco carinho verbal, o porquê de tudo. Procuro em mim, não encontro, mas sei que não encontro porque nada de ti ainda foi visto, estás ainda tapado num museu perdido num egipto longinquo, por detras de uma negra janela ou escondido numa camâra qualquer, sem sair, sem me deixares ver, sem deixares levantar o pano. Não sei como reages, não sei como vives, não sei nada, tenho dúvidas, tenho tanta coisa e tanta confusão!
Tenho dentro de mim um canto perfumado para o teu corpo, onde te deitar sempre, a procurar sinais de um futuro ainda por escrever, tentar antever o que receio, preparar cada dia com o eterno objectivo de não te perder. Tenho aqui... Tudo para te dar... fazes-me tanta falta...
Fazes-me falta neste dia de vazio, neste dia de dimensões cruzadas com a realidade endurecida pelo cheiro do teu corpo, o cheiro da tua presença, ou da possível falta dela, a tua falta, fazes-me tanta falta!

2004-05-14
Final de uma triste tarde

1 comentário:

FBatista disse...

It's a..."Mad World"

All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
And their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cos I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad World
Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me.

Esta musica diz mto do que tou a sentir agora, tb eu escrevi uma carta que nunca foi enviada...tu ainda podes...eu já não vou poder ele nunca mais vai ler nada que escrever para ele.
Não desistas!....não desistas por mim...pela nossa amizade...pelo que nos move para amar de novo vezes sem conta. Não desistas porque a tua alma não é pequena nem está desfeita. Agarra-te ao sentimento para me poderes dar vontade de amar também. Não desistas porque és um lutador e porque se tu perdes a força que será de mim...
Obrigado pelo teu apoio...adoro.te.