Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

sábado, novembro 27, 2004

Platónico [I]

Ai, como queria ter-me aproximado de ti e devorar-te o cheiro e o sabor que transportas nessa pele tão solta de tudo o que penso e sou!... Ai, como queria poder dizer-te qualquer coisa, sei lá, um"Oi" ou um "adeus" no final da noite, quem sabe se me restribuias com um sorriso dos teus, sabes, aqueles sorrisos ingénuos, cabisbaixos, envergonhados que costumavas soltar em directo enquanto eu te sugava em galas fantásticas... tens um sorriso tão lindo! E como eu me sinto pequenino nesta paixão platónica, estúpida e ingénua... [suspiro ternamente]
Ai, como eu te abraçava para te poder beijar de seguida [aceitarias? Talvez não...] E como te falaria ao ouvido, em sussurros no tom do doce mar, em promessas, em murmúrios: "Não te deixaria nunca. Fica comigo... Por favor.".

Não te deixaria nunca... Queria poder saber-me teu [em sonho, em ilusão, num beijo, num abraço, nesta noite estrelada de luas redondas, ao teu lado...] E queria que me soubesses, apenas isso, que me soubesses na tua infiníta existência, no teu olhar que cruzaste com o meu numa noite apenas, numa noite de prazeres mortos nessa tua ganga desfazada.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Tesouro sofrimento

Não te cales sobre o meu sussurro, não te ausentes!
Não fujas das palavras num voo louco e demente
Ou num murmúrio de prazer, nos suspiros quentes...
Oferece-me o tom da tua voz, o teu ser sorridente.

Possui-me num trago apenas, num laivo de loucura,
Leva-me corpo e alma e o ar adocicado [que inspiro]
Num movimento vertiginoso embrulhado em ternura...
Carrega-me nos braços, agarra o meu último suspiro.

Leva-me as gargalhadas e os sorrisos gastos pelo tempo,
Leva-me as asas travas que sem ti já não fazem levitar,
Leva-me as madrugadas do teu olhar, neste momento,

Leva-me vida e sonho atados nesse teu escuro silêncio,
Nessa ladainha tão rezada de um tesouro sofrimento,
Que sem querer me mata a alma escura em decaimento.

terça-feira, novembro 02, 2004

Parapeito

Quero abarcar o teu corpo num segundo
Agarrar os teus beijos soltos pelo ar
Que levitam devagar no topo do mundo...
Ah, quero um abraço teu... faz-me levitar!

Morder a tua pele, arrancar-te o peito
E depois vestir-me de ti, suavemente;
Largar-me desta janela, deste parapeito
E saber-te porto seguro, firmemente.

Quero tanto que nada chego a atingir
Nestas tantas noites de desejos assim
Tantos os segundos em que penso cair...

E quero abarcar-te o corpo num momento
Ficar atracado em ti, perder-me no tempo
E abraçar-te num segundo, até ao fim...