domingo, dezembro 11, 2005
Nada
Tempo para ti
São os retalhos de nada que se acumulam em pedaços de um todo maior que o tempo;
São as palavras numa folha nua que se enruga na mão e se deita fora.
É o vazio, o tempo, a minha mão na pele do teu peito;
São os murmúrios do vento na janela a gemer devagar;
São as lentas lágrimas que se passeiam pelo vidro embaciado;
São o beijo e o abraço que mais ninguém abraça,
Os sorrisos... os entrelaços...
Sãos os dedos enrolados em torno da espiral do teu corpo;
São a tua pele e o teu encosto;
São o vazio... são o tempo e o abraço... o abraço, sempre o abraço.
segunda-feira, outubro 31, 2005
Como quiseste
É como pensaste. Caminhos divergentes num ciclo infinito de desencontros. Rasgos no tecido endurecido do tempo com contornos da tua cara na minha mão.
Nada como eu te disse. Fugiste e não me vês perdido nos caminhos escuros atrás de ti. Não pressentes já o meu respirar, o suor na minha pele a procurar a tua.
Esmoressem-me os contornos do teu corpo, as curvas fechadas dos teus lábios, os sinais pintados debaixo do nariz... Foge-me o pensamento de ti. Corres longe, sempre mais longe, como disseste que farias.
Nada como eu te disse. Não! Sigo do outro lado do espelho, a mão tombada no vidro entre os nossos mundos, a respiração condensada em frente aos meus olhos enturpecidos. Mas já não sinto o teu toque do outro lado. Já não te sinto mais...
domingo, outubro 30, 2005
Meu.
Ao compasso do teu bailarino pecado.
Seja o teu peito enfeitado de céu e luas,
Seja o meu toque de Midas destroçado.
Cresçam rasgadas as mãos nesse corpo
Vadio como o meu medo colado no olhar.
Cresçam perdidas as rotas do teu caminho
Para te encontrares já morta comigo.
Que o teu nome não seja mais pronunciado
Que se enrolem os sons na tua língua azul
Que se assole aquele teu beijo nunca dado
E que se suicidem todos os mortais... Todos!
Que teus lábios são meus e de mais ninguém.
Que o teu sabor só a mim me sabe. Só a mim.
quarta-feira, outubro 19, 2005
.
segunda-feira, outubro 17, 2005
Segredos silenciosos
[Silêncio. Tanto silêncio...]
...
Rasga-se o tempo na tua voz
Engolem-se as palavras
Quebram-se os sorrisos
...
Voam os gestos sem magia
Rebocados da pele,
Assaltados em sintonia
...
Queimam-se os abraços...
Queimam-se os abraços
Consumidos em pecado...
...
Quebram-se os sorrisos
Envoltos em monotonia
E os beijos de amarras soltas
No silêncio das horas mortas
...
[Quebram-se os sorrisos... Silêncio!]
...
Não me vais fugir
No teu lugar deixou-me uma talhada de vazio cortada da vida dele e um bilhete com o brilho do teu olhar. Guardei-o no bolso ao lado da chave.
E agora sei que estás com ele, abraçada no torso dele, empertigada no cheiro dele... e sentes a minha falta como uma talhada de vazio que te falhou...
Podes fugir sem deixar nada para trás... nem mesmo saudade.
Mas não podes impedir -me de correr atrás de ti.
Suspiro
terça-feira, julho 26, 2005
Deixas em mim...
terça-feira, julho 05, 2005
"Amo-te. Mas morri"
terça-feira, junho 28, 2005
Espelho
Lembro-me do toque das tuas mãos, dos pequenos gestos nos teus dedos, dos sorriso nos teus lábios... Os cheiros e os sabores, as palavras que escorriam pela noite fora, as lágrimas que as limpavam. O olhar luminoso sempre a amanhecer, aquele brilho... onde foi?
As curvas no teu rosto são agora longas, profundas como a melancolia que se espraia no teu ohar. Não sorris quando te calas, choras quando ninguém olha. Não procuras o abraço de quem te quer abraçar, foges como se não houvesse amanhã... [E o amanhã não te interessa! Hoje foi tão mau!...]
Enrolas-te sobre ti, de mansinho. Deixas a cabeça entrelaçada por entre os braços e os cabelos agarrados nas mãos e choras. Choras prque te perdeste de ti próprio. Porque a felicidade não é assim tão feliz e ninguém pode saber disso. Porque acordar não tem tanta piada como contas ao mundo. Porque o universo não é assim tão perfeito apenas porque no inverno existem laranjas e no verão melancia. Porque respirar custa e já não aguentas...
segunda-feira, junho 27, 2005
.Dois.
Um dia ela entrou na minha vida, como o vento entra pela janela por maior que tenha sido a força com que a tenhamos fechado. Pelas frechas, pelos vazios de alma que não completam, pelas falhas.... E passeou-se dentro de mim num andar melancólico de amor irremediável, tocou em cada canto, beijou cada centímetro e foi. Foi-se, agarrada a uma núvem que por alí passou ("nos sonhos pode ser assim"). Numa mão a cauda do mundo, na outra o coração. Mas foi. E eu fui também!
Quando ando de comboio ainda oiço os passos dela, ainda a procuro na cara dos passageiros, não vá ela um dia lembrar-se de me seguir! Ainda bebo chá de caramelo à espera que se deite sobre as minha pernas para a agarrar devagar e dizer que a amo. Ainda afago o ar que respiro na esperança que lhe roce a pele, mais tarde... Ainda a procuro dentro de mim. Ainda coro quando penso... Ah, ainda a amo...
[The end]
[Porque os finais felizes são finais que ainda não terminaram...]
segunda-feira, junho 06, 2005
Queria tanto um abraço teu...
sexta-feira, maio 06, 2005
.Um.
O tempo sempre correu muito depressa para mim. Quando acordo parece que já passaram umas quantas horas e as que restam não se apresentam suficentes para o que pretendo fazer. Não sou do tipo de deixar para amanhã tudo o que não consigo fazer. Consigo e ponto final. Mas, como ia dizendo, o tempo sempre me pareceu correr muito depressa e, provavelmente devido a isso, pelo menos eu atribuo-lhe as culpas com a maior das certezas, não me vá um dia arrepender e achar que não tomei a devida atenção, não consigo situar o momento exacto em que a encontrei bem dentro de mim. Corria o mês das flores, isso eu sei. Lembro-me das tardes que passei no jardim deitado na relva, sempre de barriga para cima, a pensar na razão da sua intromissão na minha vida. Acho que é de barriga para cima que pensamos melhor. À nossa frente o céu, o universo em crescimento, como o nosso pensamento. Gosto de ficar assim horas, com os pés colados ao azul do céu até que o medo se apodere de mim. É que quando pensamos demais, chegamos sempre a conclusões arrependidas, simplesmente porque existem dentro de nós, sentimo-nos feios porque nos coroem por dentro devagar, sem nunca pensarmos nelas. Mas existem! E eu lembro-me disso, dos pensamentos arrependidos dentro da minha cabeça cambaleante num monte de terra qualquer, como sempre.
Um comentário, bastou um comentário para nos ligarmos com aquela corda da fantasia, como se o futuro estivesse à espreita numa esquina da vida ainda não adivinhada. Somos tão minúsculos face aos desígnios do universo que nem reparamos que o mundo continua a correr lá fora. Ficamos presos, ansiosos pelas palavras atiradas para dentro de nós, a ver se chegam lá ao fundo ou se ficam a flutuar. Quando nos atingem num abismo qualquer sentimo-nos felizes. Quando estamos bem, nem reparamos nelas. Somos realmente parvos! E se ficaram a flutuar esquecemo-nos delas como se as atirassemos para dentro da boca de onde vieram. Silaba a sílaba, na entoação do pensamento. E pensamos bem rápido! Ela pensava rápido.
Não sei quanto tempo ela passou a ler o que eu escrevia naquele meu jornal electrónico. A minha face melancólica agradou-lhe, com certeza. Devia ser como o paraíso no meio do inferno, como sonhar e ser ouvido. Eu sei disso, senti o mesmo quando ela um dia me dedicou um soneto, um entre os tantos que haveriam de vir por aí, lançados ao ar, apontados ao meu peito desarmado e já cansado (de mim, do mundo...). Ah, como me regojizei naquelas palavras ternas. E estão tão longe de mim, meu amor. Será que agora me ouves? Agora, tarde como a noite que chegou até nós... será que me consegues ouvir melhor? Era a tua alma colorida de mil sabores naquelas palavras, o meu corpo respirando ar, novamente. E nem assim te aceitei.
Muitas foram as vezes que me escreveram. “É um dos meus maiores sonhos”. E nunca me senti feliz. Gestos de carinho e paixão abandonados, simplesmente porque não eram retornados, simplesmente porque não os queria meus. Mas os dela não. Queria-os como se quer o vento. Passa por nós e sentimos frio. Ou então acalenta-nos a cara, numa carícia inesperada, tal mão embalando a pele. E passa. Sempre. Foi aí que mais errei. Culpa dos fazedores de sonhos, tenho a certeza. Olharam para ela e vislumbraram a luz dos meus dias cinzentos, o silêncio no meio da multidão e decidiram brincar. Uma pequena brincadeira. E demorou tão pouco até que o medo se instalasse...
As palavras dela iam e vinham como as ondas do mar. Em retorno tinham as minhas frases sempre inacabadas, metáforas elaboradas sempre em torno daquela cara desconhecida. Sim, porque não sabia quem ela era. Apenas palavras, daquelas que se atiram tipo flechas. Atiradas para matar.
terça-feira, maio 03, 2005
Já nem sei onde moras
segunda-feira, maio 02, 2005
quinta-feira, abril 21, 2005
Pequenas-coisas
domingo, abril 17, 2005
Sonho quente
sexta-feira, abril 15, 2005
Não me deixes cair
segunda-feira, abril 04, 2005
Incertos caminhos
terça-feira, março 29, 2005
sexta-feira, março 25, 2005
Se me deixasses abraçar-te...!
Talvez nos afastemos pela falta que te faço, pelo facto de ser enorme dentro de ti, por gostares de mim. Não sei... Sentes que me afasto. Eu sinto que te afasto. E assim vamos, os dois, na penumbra da felicidade até que alguém nos abrace com um rasgão de luz branca. Posso ser eu? Não... tu sentes que me afasto. Eu sinto que te afasto.Não nos abraçamos. E como abraçar é primordial, não te beijo também. Mantenho-te longe. Tu julgas-me longe. E ficamos... longe, os dois.
Blue shell
Pôr-de-sol
Laranja, sem dúvida laranja. Também poderia ser azul, mas não. Laranja, como o pôr-do-sol. Aliás, nós somos isso mesmo. Um eterno pôr-do-sol. Ou um nascer de sol? Também é laranja. Não, é um pôr, quando tudo está para terminar mas não vai embora. Quando gostamos e queremos ficar mais um pouquinho. Quando percorremos a areia molhada para não o perder. E entramos devagar na água. Imergimos. Somos levados pelos movimentos toscos do nosso corpo. Engolem-nos as ondas...Morremos. Ah, morremos!... Finalmente.
Sim, nós somos assim. Um eterno pôr-de-sol.
terça-feira, março 22, 2005
O centro é teu! O resto não sei...
Oh, como mudei! Quero dizer-to tantas vezes, rodopiar sobre cada sílaba, morder cada entoação até que não faça mais sentido, até que se perca dentro de mim e que tudo volte a ser como era. Era tão feliz contigo, era tão livre, era tão grande... Foste embora e não voltaste. Deixaste o fantasma pendente no canto do meu quarto, não sei se disso te lembras, sempre a olhar para cima, sempre preso ao céu que no meu tecto inventámos. E o parque dos poetas? Nunca mais lá voltei... Tenho receio que seja como eu, invariante ao tempo devorador de sonhos e promessas. Quero que seja como dantes. Às 15h encontramo-nos lá, pode ser? Vamos para debaixo da palmeira dos segredos e ficamos assim deitados de barriga para cima, sempre de barriga para cima a ver a Terra rodar. Um beijo assaltado pelo vento, um abraço cortado pelo sol quente e os teus olhos. Ai, os teus olhos!
Mas tu aproveitaste mais que eu. Eu dormi enquanto tu ficaste a ver-me dormir. "Eu aproveitei mais que tu!" e eu chorei... mais que tu também. Andei, voei para bem longe de mim com asas feitas do pó que se instalava no ar. Pouco me mexia, não vivia, subsistia!
E hoje, como sempre, é a tua imagem ainda presa no no meu quadro de cortiça que me responde à lágrima cremosa que se vai desprendendo no meu olhar. O mesmo poema, o mesmo ângulo na fotografia, o mesmo coração. E à volta foram-se criando, instalando novas imagens, sempre à volta, nunca no centro. Porque o centro é teu mas tu entendes. O centro é teu! O resto.. O resto ainda não sei.
domingo, março 20, 2005
Lost
lost
E gosto tanto de me perder contigo...
sábado, março 19, 2005
Ai, os sonhos!
Descanso do teu constante marulhar dentro de mim, da tua constante melodia a soprar pelo ar. Descanso dos teus olhos, da tua vida e dessa tua morte senpre inventada, tal eterna romântica que morre de amores sem nunca morrer. Pior que isso é não voltar a renascer das cinzas, querer ser outra, ser maior e mais forte, ser outra coisa, outro local, outra memória e outro sentido. Isso é pior!
Já não te oiço cantar, porque paraste? Gostava desse timbre constante, dessa tua subtileza na voz que tão poucas vezes ouvi. Sei lá, gostava da tua necesseidade do meu abraço, da tua fragilidade perante o mundo, perante mim... És tão frágil... Tão bonita.
Bem, eu fico ao centro caso queiras voltar. As chaves continuam onde as deixaste, por cima do teu caderno velho e esfarrapado [desculpa, não resisti a arrancar-lhe algumas folhas, aquelas dos desenhos, do meu nome escravinhado quando ainda só do meu nome sabias]. A tempestade há-de continuar, procura a turbulência, sabes que sou eu o criador, de sonhos, de tormentas, de dor e de terror. Crio tudo e não sei como lidar com isso. É tão perfeita a natureza! Por isso precisava de ti, para lidares comigo. Mas não resistimos, sucumbimos e foste para norte [se calhar foi para o sul. Não interessa, eu estou no centro, já sabes!].
Estás a ver as estrelas? Desculpa, não podem continuar tuas, não tas vou soprar mais, vou guardá-las tipo homem de negócios do meu amigo eterno. Posso não saber que lhes fazer mas pelo menos são minhas. Ou talvez não!... agora, se me permites, vou andando para cima que tenho sonhos para terminar, páginas para escrever, magia para espalhar. Se sentires frio olha para cima ;) Pode ser que eu esteja a passar por ti. Se me vires, peço-te, chama por mim, canta-me de novo naquele timbre delicado com que nunca me cantaste, aquele dos sonhos que criaste em mim, das ilusões, dos sonhos.
Ai, os sonhos!
quarta-feira, março 16, 2005
Lonelly
terça-feira, março 15, 2005
Devaneios
Esses brandos caminhos nunca desbravados
Nunca possuídos, nunca trabalhados...
Esse teu doce mel que do teu corpo escorria
Pelos teus seios, no teu ventre em melodia
E em minha boca desaguava, tal beijo, tal desejo...
Tu. Núa em meu redil, em mil pedaços de papel
Em mil cores, mil sabores! Rainha de um pagão
Dona de mil e um sem nenhum senão!...
Ai, doces beijos que no teu corpo deslizavam...
Nestes meus sonhos, dementes devaneios
De passados já perdidos e futuros sempre alheios.
sábado, fevereiro 26, 2005
Miss You Love
Maníaco-depressivo,
Doido varrido,
Lunático apaixonado,
Esquizofrénico enamorado.
Não sei como me sentir, como me suportar, como me comportar, o que dizer, como aguentar todos os dias o murmúrio da cidade sem a tua voz para o apagar... Esperei por ti todo o tempo do mundo mas não te quero para não parar de te procurar.
Não te quero alcançar porque estás tão perto,
Não te quero percorrer a pele escura que de tanto imaginar a sei minha todas as noites,
Não te quero respirar, ouvir sussurrar nesse tom de voz que de ilusão se fez milagre!...
Não sei como me sentir, como te agarrar para não te deixar partir de novo sem nunca realmente te tocar, como te engolir suavemente como mel sem que te coles nas minha entranhas ansiosas por ti...
sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Remembering
"Eu e a Filipa no Port Aventura durante a viagem de finalistas a Lloret del Mar (a.l. 2001/2002)"`
É isto que tenho escrito desde "sempre" por detrás desta fotografia velha que está por cima do meu guarda-vestidos. Está presa num utensílio super moderno que me foi oferecido numa exibição que fiz ainda no meu outro grupo de dança (B.C.M.) por crianças e adultos que possuem cromossomia 21, não se adequa mas fica tão bem!...
Amanhã vou reve-la... Espero que não tenhas morrido no pedaço que eu conhecia.
quarta-feira, fevereiro 23, 2005
É o fim! Desculpa ser assim...
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Catástrofe
Tornem-se duros todos os sons e as palavras
Enalteçam-se as cores, esses teus doces sabores...
Rasguem-se os céus em meu redor, caiam anjos!
Rosas voem pelos ares, açucenas pelos campos
Teus cabelos no meu pranto e tua pele na minha fronte.
Revoltem-se oceanos à minha estúpida passagem
Derrubem-se gigantes com esse beijo já roubado
E Consumem-se todos os pecados imaginados!
Oh!, que ninguém mais me sussurre poesia como tu,
Que se esvaneça a tua voz no meu peito assustado ...
Que morras!... E ressuscites no mais fundo de mim.
domingo, fevereiro 13, 2005
Pó
Reinvento-me na leveza da tua pele escura...
Que mais preciso dizer-te?
Fazes-me falta mas não te posso ter...
E é no adeus sempre adiado
Nos beijos sempre prometidos
No abraço sempre desejado
Que me deposito sempre
Como pó no fundo da água.
domingo, fevereiro 06, 2005
Dance2Breathe
"Dançar é conversar, é o cruzamento de linguagem com emoção, o canto que evoca a coreografia e a emoção que convida a viver... É estar presente deixando que o futuro surja e o passado desvaneça"
Foste tu que um dia citaste isto... Espero que continues a conversar, a cruzar, a deixar que o futuro desvaneça e que o futuro surja sempre do meu (nosso) lado.
terça-feira, fevereiro 01, 2005
Devolve-me a vida
Oh... Como eu precisava de te respirar. De te pregar ao meu peito e beijar-te o infinito dessa pele. Sentir-te o palpitar, amar-te, beijar-te sobre tudo e todos, sem me saber existência neste mundo. Ai, não quero a minha existência! Devolve-me a vida que fugiu... por favor...! Devolve-me o coração que se quebrou nos estilhaços do tempo, as mãos que tão cedo percorreram a pele do teu sonho em mim, os segredos, as vergonhas... Devolve-me a ingenuidade, o brilho nos olhos pelo teu olhar... Ah, devolve-me a vida por favor.
Assalta-me num beijo, leva-me e troca-me, revolve-me e devolve-me com as ondas desse mar que te corre por dentro. Aceita-me, rejeita-me mas mantém-me seguro. Desenha tu um abraço para mim. Um redil que me cubra os medos, que me segure os segredos, um esboço leve no teu corpo proibído. Beija-me... Assalta-me... Devolve-me, por favor...
sexta-feira, janeiro 28, 2005
Beber-te em sufoco
Desse lânguido escorrer pela minha pele,
Do cetim dos beijos , derrocadas de mel!...
Oh!, tenho sede da minha alma abraçada,
Sede do teu mundo de pesadas portadas
Das escuras palavras à lua exorcizadas...
Do teu coração ao teu peito pendente...
E dessa volúpia, desse corpo demente!
Quero beber-te num sôfrego morder
Bailar-te nas minhas mãos,
Ver-te renascer!...
Engolir-te neste enorme sufoco
Derrubar distâncias...
Criar-te ânsias...
E ter-te aqui...
Fazer-te abraço e beijo e carícia.
Oh!,Tenho sede da tua vida.
quarta-feira, janeiro 19, 2005
"Persegue-a"
Não a posso seguir... Ela não me pode seguir... Não nos podemos consumir mais nestes momentos de prazer tardio e lamentos madrugados pela falta que nos fazemos um ao outro.
sexta-feira, janeiro 14, 2005
Inferno
E foi. Como quem escapa finalmente do inferno ... que lhe ofereço sem me recordar de o fazer. Eu... Eu fiquei acocorado junto à cama à espera que ela voltasse para me dizer que estava a brincar. Tantas foram as vezes que eu fiz isso, brincar com os sentimentos dela, testá-a ao mais ínfimo pormenor, sei lá, como quem quer ter a certeza que possuí alguma coisa. E sou sempre tão estúpido! Possuir... essa palavra deveria ser riscada do mundo. Não a possuia, nunca a possuí! Talvez porque não queria, apenas isso. Ou talvez pelo medo, pelo incerto, pelo receio, por mim, por ela.
E então um dia ela foi. Levantou-se devagar da cama fumegante do nosso calor e dirigiu-se à porta do quarto dos eternos fantasmas. Olhou para trás e disse-me apenas "Eu e tu somos um eterno adeus" e foi... Como quem escapa finalmnete do inferno que eu lhe ofereci.
domingo, janeiro 02, 2005
Confissões [I]
Não te possuir primeiro que o mundo,
Antes de todo esse anoitecer imundo
Que te quebrou na mais pesada solidão!
E como queima a recordação esquecida
De todos os lábios beijados em segredo,
De toda a ladainha gasta e desmedida...
Oh!..., como me afogo neste azul medo...!
Confundo-me nos sentidos do teu passado,
Naqueles passeios de luz e algodão doce,
Nas paixões sangradas do tempo cansado.
E quebro-me nestes abraços repetidos,
Nas confissões eternas deste amor renovado...
Em toda a delícia dos nossos beijos apaixonados...