Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

quarta-feira, março 16, 2005

Lonelly

Sinto-me longe do mundo, longe de tudo o que nos pode prender, longe das pessoas, das coisas. Sinto-me flutuante sobre o universo, sem âncoras ou amarras que me possam abraçar contra algum local, sem peso ou condição, sem algo ou alguém... Sinto-me sozinho.
Vagueio pelos rastos do mundo à sua passagem, não o acompanho, deixo que me ultrapasse, deixo que não se prenda nos meus poros como suor ou vapor vital, deixo-o seguir, sempre, sempre mais longe. E então eu fico, atrás, na sombra da noite devoradora dos sonhos, criadora dos medos, dos sussurros absurdos, dos derradeiros segredos.
Sinto-me de lado, desnecessário, mudado... "Nunca mudes!", e custa tanto saber que mudei, saber que sou vento em vez de terra, flor de raiz desenterrada. Ah, sinto-me longe de tudo e de todos. Sinto tanta falta de um ombro amigo sem sequer saber o que a falta me produz, sem seuqre sentir a falta, sem sequer saber que falta sinto!
Culpa minha, minha culpa! Só queria um braço alegre que me agarra-se e me prendesse, que me aumentasse, que me excedesse!
Ò meu terror, que cada dia te torno mais real!

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