Trago-te pelo pescoço, como quem traz a vida pendurada ao peito. Demoro-me em ti, sem nunca reparares, na minha forma leve e banal de cruzar este meu olhar com o teu. Fico. Repito. Escuro. Claro. Dentro. Fora. Mas sempre mais fundo, mais fundo dentro de ti. Por tudo o que é pequeno, pela incerteza dos nosso sentidos - onde tudo é realmente incerto. E fico aí, no mais fundo de ti, onda és apenas tu longe do mundo, vazia de tudo o que te faz perder, perdida do mundo que nem sempre nos faz sorrir. Mas no nosso mundo sorrimos sempre, não é? O som inconfundível das nossas gargalhadas, as tarde solarengas sentados num salão de chá. Eu com o novo chá branco. Tu com a vista trocada pelo álcool que ainda te morde. E as vozes, as palavras sempre trocadas. Os passeios onde tudo se move menos nós. Flutuamos um no outro, sempre os dois, devagar por entre o universo em torno de nós. Estive a pensar... "Teoria do Clarcocentrismo". Sim, porque eu sou físico, tenho de pensar em tudo o que os outros não pensam. Na velocidade do vento, não ele levar-te para longe, na energia irradiada pelo sol, na tua termodinâmica sempre fora do equilibrio. Eu tenho de pensar em tudo o que mais ninguém pensa. E nunca o conto a ninguém... Só a ti. Tu, que me ouviste nas ondas e fotões do sol que nos queimava a pele no "Adamastor" e me levaste [ou fui eu?] a "Copenhaga" para esquiar um pouco. E esquiar é como nós. Só quando já não soubermos onde estamos saberemos a velocidade com que lá chegámos. E aí, só aí pensaremos... À mesma velocidade com que esquiamos. Os dois. Juntos de novo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
"Demoro-me em ti, sem nunca reparares"
[também tenho o direito de começar por um pedaço teu?]
Pois não, nunca reparo... mas há algo que já nao prendo (ocorre-te porquê?). Subtil se ficas. Muito subtil se repetes. Eu fixo. Flutuo muito em ti puxando-me do que não me faz rir para entrar no meu album de colecções que vai ensurdecendo com gargalhadas, cegando com imagens. É bom ter alguém assim. Tu. E como os meus lábios suavizaram hoje com as tuas teorias... Oiço-te sempre, bebo sempre as tuas palavras. Guardo sempre os teus ensinamentos. Não esqueço nunca.
As nossas tardes solarengas.
Enviar um comentário