Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

sábado, março 19, 2005

Ai, os sonhos!

Ah, está bem. Foste embora! Rumaste para norte no meio da minha tempestade , já nada faz mais sentido. Nada fez sentido! Não vais sozinha, já levas amarras e nós de marinheiro, daqueles fortes que ficam desengonçados quando não se sabe a técnica correcta para os apertar com força. Tens as amarras soltas.
Descanso do teu constante marulhar dentro de mim, da tua constante melodia a soprar pelo ar. Descanso dos teus olhos, da tua vida e dessa tua morte senpre inventada, tal eterna romântica que morre de amores sem nunca morrer. Pior que isso é não voltar a renascer das cinzas, querer ser outra, ser maior e mais forte, ser outra coisa, outro local, outra memória e outro sentido. Isso é pior!
Já não te oiço cantar, porque paraste? Gostava desse timbre constante, dessa tua subtileza na voz que tão poucas vezes ouvi. Sei lá, gostava da tua necesseidade do meu abraço, da tua fragilidade perante o mundo, perante mim... És tão frágil... Tão bonita.
Bem, eu fico ao centro caso queiras voltar. As chaves continuam onde as deixaste, por cima do teu caderno velho e esfarrapado [desculpa, não resisti a arrancar-lhe algumas folhas, aquelas dos desenhos, do meu nome escravinhado quando ainda só do meu nome sabias]. A tempestade há-de continuar, procura a turbulência, sabes que sou eu o criador, de sonhos, de tormentas, de dor e de terror. Crio tudo e não sei como lidar com isso. É tão perfeita a natureza! Por isso precisava de ti, para lidares comigo. Mas não resistimos, sucumbimos e foste para norte [se calhar foi para o sul. Não interessa, eu estou no centro, já sabes!].
Estás a ver as estrelas? Desculpa, não podem continuar tuas, não tas vou soprar mais, vou guardá-las tipo homem de negócios do meu amigo eterno. Posso não saber que lhes fazer mas pelo menos são minhas. Ou talvez não!... agora, se me permites, vou andando para cima que tenho sonhos para terminar, páginas para escrever, magia para espalhar. Se sentires frio olha para cima ;) Pode ser que eu esteja a passar por ti. Se me vires, peço-te, chama por mim, canta-me de novo naquele timbre delicado com que nunca me cantaste, aquele dos sonhos que criaste em mim, das ilusões, dos sonhos.
Ai, os sonhos!

3 comentários:

Anónimo disse...

ODEIO-TE

Miriam Luz disse...

Bom... eu não ia comentar porque preferia dizer tudo pessoalmente (até acho que já disse, mas posso repetir), mas teve de ser, por causa desse comentariozinho aí em cima. Só para não pensares que fui eu (sabes bem o que penso de quem não assina seja lá o que for).

Quanto ao que escreveste.
Sim, quero ser maior e mais forte. Ser alguém que nunca fui e que não quiseste que fosse.
E vou renascer das cinzas, sim. Sempre.
E nunca vou parar de cantar.
A necessidade de um abraço existe sempre. Não me pudeste dar o abraço. Resolvi procurá-lo.

Um beijo pa ti marco...
Gosto muito de ti. Sabes que sim.

DrEaMaKeR disse...

Eu também de odeio!