Vou gravitando pelas vielas escuras de salto vermelho e vestido rendado e desbotado. Sou puta velha, desgastada. Vendo o meu corpo por menos de um sorriso à procura dos teus lábios nos lábios deles.
Vou num desfile cambaleante por entre as luzes ofuscantes no calor húmido das ruas pequenas e fechadas até parar na esquina dos costume, por baixo do toldo azul, ao lado do caixote onde guardo a minha vida. Sou vadia de meias sem qualidade e lábios desbotados do meu próprio sangue.
Estou aqui! Venham e devorem-me. Há feridas e dores e palmadas e chutos na cabeça que só eu consigo oferecer. Há beijos e mordidas e chupões e palavras doces que só eu sei dizer. Venham!... Tentem levar daqui o que ainda não levaram, rasguem-me um pouco mais que o calor é impossível dentro de mim. Batam-me, rebentem-me para eu me sentir viva!
Sou puta velha e desgastada de beijos guardados e oferecidos ao desbarato. Sou o vestido roto que todos vêm e não consigo mais esconder; as meias ragadas nos joelhos (antes fosse de tanto rezar por ti, meu amor. Não é!); os punhos fechados, os lábios estirados, sorriso rasgado e mente perturbada.
Gravito nas vielas, gemo nas camas.
É uma putísse!... (Não é?)
Vou num desfile cambaleante por entre as luzes ofuscantes no calor húmido das ruas pequenas e fechadas até parar na esquina dos costume, por baixo do toldo azul, ao lado do caixote onde guardo a minha vida. Sou vadia de meias sem qualidade e lábios desbotados do meu próprio sangue.
Estou aqui! Venham e devorem-me. Há feridas e dores e palmadas e chutos na cabeça que só eu consigo oferecer. Há beijos e mordidas e chupões e palavras doces que só eu sei dizer. Venham!... Tentem levar daqui o que ainda não levaram, rasguem-me um pouco mais que o calor é impossível dentro de mim. Batam-me, rebentem-me para eu me sentir viva!
Sou puta velha e desgastada de beijos guardados e oferecidos ao desbarato. Sou o vestido roto que todos vêm e não consigo mais esconder; as meias ragadas nos joelhos (antes fosse de tanto rezar por ti, meu amor. Não é!); os punhos fechados, os lábios estirados, sorriso rasgado e mente perturbada.
Gravito nas vielas, gemo nas camas.
É uma putísse!... (Não é?)
5 comentários:
Não podias ter (d)escrito melhor.
Muito, muito bom.
E dizem que se é rameira por opção. Talvez seja, mas opção de quem? De quem te usa e lambuza a alma e joga fora, ou tua mesmo?
Ser rameira é uma opção. Talvez a única que resta, quando um corpo não tem mais coração.
Lindo texto.
Olá querido...
Me parece triste e sombrio este texto, aquilo tudo que vc me disse "crú" aqui é crú em devaneios, e esconde tantas outras coisas...
Leia isso:
"Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é o mundo! - uma cadela talvez
Mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela."
È do Vinicius de Moraes, adoro esta poesia e qdo li seu texto me veio ele na cabeça. Dizer de forma grotesca o que não se consegue dizer!
Beijos
Forte mas muito factual.
"You think that you are complicated, deep mystery to all
Well it's taken me a while to see, you're not so special
All energy no meaning, with a lot of words
So paper thin that one real feeling, could knock you down..."
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