Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

segunda-feira, setembro 22, 2014

Abismo

Escondi-me de mim próprio
Num abismo que inventei
Para não mais me ouvir.

Colei as mãos aos ouvidos
Ensanguentados de gritos e desvarios
E larguei a língua onde, um dia,
Esteve o meu corpo, o meu ser, o meu eu.

E Morri:
Larguei-me os dedos dos punhos
Mordidos na boca que não mais poderá falar;
E os olhos, fechados de tão escuros, sem luz;
E os pés cansados da lama, do caminho, de mim,
De ti,
De nós,
Do mundo!


Sozinho não serei mais do que nunca fui.
Não serei menos.
Não serei mau, não serei bom.

Fim à opinião.
Fim ao amor e à paixão.
Fim!

Este fim, sozinho...
Aqui:
Neste abismo que inventei para não mais me ouvir.




1 comentário:

Anónimo disse...

Que giro... tu ainda existes!...

"Litostive" :)