Já os nossos corpos mergulharam juntos por entre esta selva de luz roubada, em movimentos perfeitos, em voos alados, numa dança sem fim no centro de um palco sem público. Deixar correr agora cada gota na janela baça... Que desperdicio!

terça-feira, novembro 23, 2010

domingo, novembro 14, 2010

A tua voz aguça-me os sentidos quando, em plena sincronia, os nossos corações decidem explodir. São os murmúrios que deixo livres ao vento que te trazem até mim: sereno, preenchido, meu.

Adeus vazio,
Adeus nada.

Fica em mim como se fosses meu.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Síncope

O meu coração falha o ritmo quando os teus olhos se enlaçam nos meus. Não são as tuas mãos vazias que encontro quando me despisto nas curvas deliniadas do teu sorriso; são as minhas nas tuas: lentas, cheias, arrastadas nas rectas sinuosas dos meus dedos nos teus, assim, finalmente cruzados.

O meu coração falha... só para poder, de mansinho, voltar a bater mais devagar à espera de um beijo teu. E é tão difícil esta minha síncope de coração!
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quarta-feira, outubro 13, 2010

Ser estúpido é uma qualidade à qual não consigo chegar tão facilmente quanto queria. Ser estúpido, ser sim-ples-men-te estúpido!
Há dias em que quero apenas deixar-me levar pelos acontecimentos, seguir o rumo que não foi traçado, nem calculado, nem pensado por mim, como todos os outros rumos que sigo desenhados por mim. Mas não consigo. Há sempre aquele momento estranho a meio do caminho que me faz integrar a distância com a raiz quadrada do medo e da desilusão com a soma dos nossos dedos por entrelaçar e me faz pensar duas vezes. E se pensamos duas vezes, com certeza, não nos estamos a deixar levar! Eu nunca me deixo levar.
Ser estúpido: acho que isto é, afinal, uma qualidade imensa a que eu não sei chegar.

domingo, outubro 10, 2010

REconstrução

Estou num sítio escuro para não me ver. Creio que tenho de parar. No meu peito há vazios que não se reconstroem mais. Há buracos, gigantes buracos que teimam em crescer e tomar-me como um todo coeso que já não sou mais. Eu tenho de parar!...
Aqui, eu escolho não saber onde vão as minhas mãos depois de me taparem os olhos molhados de outros olhos que já foram os meus. Aqui, eu escolho não me sentir: morrer de mim próprio para não mais me saber.
Falo sozinho do meu mundo em ruptura total por não saber sequer se isto é verdade. No meu peito adensa-se o negrume que me entra pelos poros doridos dos impulsos nervosos que evito sentir com toda a força que posso, com tudo o que ainda consigo ser. Eu estou morto. Estou morto, porra! Não sou mais ele por quem se apaixonam com o sorriso estúpido na cara. Sou o vazio, os buracos imensos cheios do ar que guardei para nunca mais me esquecer de quem fui. Sou as lágrimas secas que desfilam no corredor cravado na outra cara que não sou mais eu. Não sou. Eu não sou.
Acho que tenho de parar. Os buracos não se reconstroem mais. Eu pensei que sim. Achei que podia continuar a oferecer pedaços de mim, pequenos, mesmo pequenos, sem voltar a sentir a falta deles. Eu pensei que voltavam com o tempo, que o tempo era O tempo! Que ele faria as coisas bem de novo. Mas o tempo parou dentro de mim. E eu tenho de parar... porque estou morto. Morto de mim. Morto de nós: eu e os meus buracos vazios.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Ainda me lembro quando me preenchias com as tuas ideias lentas e risadas gratuitas que levavam o nada que voltaste a instalar quando partiste. Nada é igual, sabes? Nada é igual! E não é que tenha deixado de procurar-te ou esperar-te neste quarto incompleto de estrelas que nunca mais vieste colar!... É só que agora espero de luz apagada convencido que não vais mais chegar. Espero sentado na cama debaixo do mesmo candeeiro e da mesma fotografia. Só a a cama é diferente. E as almofadas já te esqueceram.

Nada é igual agora... Só o meu braço teima em voltar ao lugar onde o teu corpo se costumava enroscar em mim. E eu, eu sei lá se te quero encontrar ali!...

Fecho os olhos ardentes de luz,
Abarco o nada que é meu eterno amante
E amanhã de manhã beijo o vazio mais uma vez...
Só mais uma vez.

sexta-feira, março 05, 2010

ERRADO.

Há um erro naquela imagem.
Há um monstro entre nós dois.

O teu cabelo fugiu-me das mãos e a troca pelo abraço terno foi apenas imaginada. Ou não. Ou os teu braços nunca me abraçaram e eu nunca me quis perder no teu cabelo.

Aqueles olhos não são os meus. Eu sou mais escuro, sorrio mais e sou maior. Sou maior! Tão grande que te perdi de vista...

Ela já foi só nossa, agora é vossa.

Eu já fui... E...

sábado, fevereiro 27, 2010

Desfaz-me

Há todo um vazio preenchido de nada, todo um mundo perdido de tudo. Há a palma suja da mão, carvada de sangue e saudade que me agarra o peito para não me deixar morrer, há o coração vazio... preenchido de nada.

Não me digam que está tudo bem quando o vento me espanca e me deixa cair na lentidão dos dias que não são mais dias! Há todo um buraco imenso na microscopia do meu desfazer: roto, desfeito, despedaçado.

Quero que me devolvam o que já não sou, que não me agarrem com as mãos sujas de sangue e saudade. Quero que me escorram os olhos pelo corpo até não haver mais nada!... Mais Nada! E aí... Só aí, me preencher: devagar, sozinho, vazio.